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Análise

Snowden pode perder apoio ao colocar EUA contra países rivais

Ao decolar de Hong Kong, o ex-técnico da CIA provocou disputas diplomáticas com Rússia e China

POLÍTICOS AMERICANOS FORAM RÁPIDOS EM DENUNCIAR AS AUTORIDADES DE HONG KONG E DA CHINA POR TÊ-LO DEIXADO PARTIR

GEOFF DYER DO "GUARDIAN"

Quando Edward Snowden vazou documentos sobre as atividades de vigilância dos Estados Unidos, no início do mês, o ex-técnico da CIA disse que queria abrir um debate sobre a proteção da privacidade dos americanos nesta nova era tecnológica.

Em vez disso, ao decolar de Hong Kong, ontem, ele provocou disputas diplomáticas com as duas nações que podem ser consideradas as principais rivais geopolíticas dos EUA: a Rússia e a China.

O voo de Snowden, apenas dois dias após as autoridades americanas apresentarem a acusação formal de espionagem contra ele, pode endossar o argumento de que o debate sobre o abuso das liberdades civis está obscurecido em meio a um cabo de guerra político internacional.

Enquanto o destino final dele permanece incerto, políticos americanos foram rápidos em denunciar as autoridades de Hong Kong e da China por tê-lo deixado partir e as da Rússia por oferecer a ele refúgio temporário.

As autoridades americanas estavam cientes de que o pedido de extradição em Hong Kong ainda levaria um tempo. Porém, havia a certeza de que Snowden seria levado às cortes americanas --uma perspectiva que agora parece menos garantida.

Em nota divulgada ontem, o governo de Hong Kong informou que solicitara aos EUA mais informações sobre o mandado de prisão preventiva contra Snowden e alegou que o rapaz partiu por um "canal normal e legal".

No entanto, o canal ABC informou que o governo dos Estados Unidos revogara o passaporte de Snowden no sábado --data que o Departamento de Estado não confirmou.

A afirmação de Snowden a respeito de escutas americanas na China, incluindo a informação de que a Universidade de Tsinghua foi recentemente hackeada, serviu de mote para Pequim rebater as acusações de Washington acerca de chineses roubando segredos de negócios de companhias americanas.

"São sinais preocupantes. Mostram que os EUA, que vêm tentando bancar os inocentes como vítima de ataques cibernéticos, tornaram-se o maior vilão de nossa era", anunciou a agência oficial de notícias da China.

Em resposta, a Agência de Segurança Nacional americana disse que o objetivo era descobrir "quem está vindo atrás de nós. Precisamos saber para proteger a nação".

Por um lado, o voo de Snowden evita que seu caso se torne um problema purulento entre os EUA e a China, num momento em que a Casa Branca tenta forjar uma relação melhor com a nova liderança em Pequim.

Mas a decisão dele de viajar a Moscou pode acabar com qualquer apoio político que ele possa ter nos EUA, onde foram inicialmente elogiadas suas informações sobre a captura de dados pessoais.

Após Snowden ter revelado segredos da vigilância dos EUA na China, se de fato desembarcar em Moscou, isso levará à especulação de que deve ter mais informações sobre espionagem contra a Rússia, algo que poderia usar como moeda de troca.


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