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Emir do Qatar vai abdicar em favor do filho

Reinado de 18 anos de Hamad bin Khalifa al-Thani fez de território minúsculo um dos países árabes mais influentes

País fará Copa-2022 e já patrocina o Barcelona, graças a reservas de gás; emir divulga hoje detalhes da transição

SAMY ADGHIRNI DE TEERÃ

Após 18 anos de reino que fizeram do minúsculo Qatar um dos países árabes mais ricos e influentes, o emir Hamad bin Khalifa al-Thani, 61, anunciou ontem a intenção de entregar o poder ao príncipe herdeiro, segundo a TV Al Jazeera, baseada no país e controlada pela família real.

O emir, que ascendeu ao trono por meio de um golpe contra o próprio pai, sinaliza o desejo de transição controlada ao passar, ainda em vida, o poder ao filho Tamim bin Hamad al-Thani, algo raro nas monarquias árabes.

Detalhes e prazos da transição serão anunciados hoje em discurso do emir, que decretou feriado nacional para marcar a importância de seu pronunciamento à nação.

O príncipe Tamim, 33, já participa da gestão do país e chefia reuniões ministeriais na ausência do emir. Formado, a exemplo do pai, na academia militar de Sandhurst (Reino Unido), é fluente em inglês e francês. Tem duas mulheres e é conhecido pelo amor ao tênis e ao futebol.

Embora não seja primogênito, Tamim foi escolhido por ser visto como o filho mais apto a suceder o pai na gestão do país, que tem a renda per capita mais alta do mundo, graças à terceira maior reserva mundial de gás para benefício de uma população de apenas 200 mil qatarianos.

Especula-se que a ascensão do príncipe herdeiro faça parte de uma mudança que inclui ainda a saída de cena do todo poderoso premiê, xeque Hamad bin Jassim al-Thani, primo do emir e desafeto de Tamim.

O xeque Hamad teve papel-chave no golpe de 1995, quando o emir tomou o controle do país enquanto o pai estava em viagem ao exterior.

Desde então, coube a Hamad implantar a estratégia que consistiu em usar a colossal fortuna acumulada com exportações de gás para projetar influência e prestígio no plano internacional.

Desde os anos 90, o Qatar alterna "soft power" (via persuasão e generosidade) e "hard power" (poder financeiro e militar) a serviço das ambições de seus dirigentes, ao contrário dos outros acanhados países do golfo Pérsico.

A família Thani fundou a mundialmente conhecida emissora Al Jazeera, investiu bilhões na Europa, arrematou a Copa de 2022 e mediou, graças ao que céticos chamam de "diplomacia do talão de cheque", conflitos no Líbano, Sudão e Afeganistão.

O Qatar patrocina o time do Barcelona, comanda as lojas britânicas Harrods e financia projetos de arte e educação pelo mundo.

Para se proteger dos poderosos vizinhos e rivais Arábia Saudita e Irã, o país, cujo território equivale à metade de Sergipe, abriga desde 2003 a mais importante base militar americana na região.

Após trilhar uma diplomacia de boas relações com o mundo inteiro, o emir alinhou-se a rebeldes líbios e sírios, o que lhe valeu críticas.

O recente livro "Qatar: les Secrets du Coffre Fort" ("Qatar: os Segredos do Cofre", em tradução livre) diz que Tamim vê com ceticismo a estratégia de enviar armas e dinheiro a grupos islâmicos radicais para derrubar o regime sírio de Bashar al-Assad.


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