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Instituições se ajustam para o pós-Mandela

Rede de organizações associadas ao ex-presidente se prepara para sobreviver à morte do porta-voz e patrocinador

Um dos desafios é convencer os doadores a seguirem contribuindo mesmo na ausência do ícone antiapartheid

FÁBIO ZANINI ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO

Não é apenas a política sul-africana que terá de se adaptar à ausência de Nelson Mandela. Uma rede de instituições associadas ao ex-presidente terá de encontrar novas formas de sobreviver à morte de seu principal porta-voz, garoto propaganda e patrocinador.

Desde os anos 90, Mandela envolveu-se pessoalmente na construção de institutos e fundações que levam seu nome.

Engajou-se mais intensamente depois que deixou a Presidência sul-africana, em 1999, e manteve agenda cheia mesmo após ter anunciado sua aposentadoria da vida pública, em 2004.

Um dos pilares dessa rede já ameaça ruir. O controle sobre o Mandela Trust, um fundo que cuida de suas finanças pessoais e da venda de obras de arte com a marca do ex-presidente, é alvo de uma disputa judicial.

Duas filhas dele (Makaziwe e Zenani) tentam remover do comando do fundo amigos nomeados pelo pai, liderados por um dos advogados dele, George Bizos.

O Mandela Trust tem cerca de US$ 1,3 milhão em ativos e potencial para render muito com produtos licenciados do ícone antiapartheid.

Entre as instituições de caridade, a mais importante é o Nelson Mandela Children's Fund, que oferece assistência a crianças carentes em áreas como saúde, educação e esportes.

Nos últimos cinco anos, atendeu 82 mil crianças, segundo seu diretor de Comunicação, Oupa Ngwenya.

"O desafio após a morte de Mandela é convencer as pessoas de que a causa continua sendo importante, mesmo sem a presença física dele", afirma.

A preocupação número 1 é com financiamento. As organizações da "rede Mandela" sobrevivem de doações e pretendem se manter independentes do governo sul-africano, embora ocasionalmente recebam algum aporte financeiro oficial.

O fundo para crianças arrecadou US$ 8 milhões em doações privadas no ano passado. Se a receita secar, será impossível a realização do mais ambicioso projeto em curso, a construção de um hospital infantil com 200 leitos em Johannesburgo, prevista para começar no ano que vem.

"Já estamos nos preparando há anos para o dia em que Mandela não estará mais conosco", declara Ngwenya.

Ele dá como exemplo o investimento de parte do patrimônio da organização: 40% dos rendimentos vão para as atividades e o resto é guardado e reinvestido.

POPSTARS

O papel de Mandela nas organizações que ele apoia sempre foi mais de embaixador do que administrador.

Cada uma delas tem estatuto e "curadores". A ideia é evitar interferência política e preservar o funcionamento após a morte do fundador --o que nem sempre ocorre, como no caso do Mandela Trust.

Um dos projetos a que Mandela mais se dedicou é a campanha 46664, de prevenção à Aids (o número é referência ao registro dele na prisão).

Até o final da década passada, quando a saúde permitia, ele era presença constante nos concertos promovidos pela organização, repletos de popstars como Bono e Beyoncé.

Mas a saída gradual de cena do ícone já teve como resultado um certo esfriamento da campanha. Desde 2008 não há nenhum grande evento de promoção.


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