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'A cena era terrível', diz parente de vítimas

DO ENVIADO A SANAA

Muhammad al-Qawli traz uma pasta com documentos. Um deles é uma carta do Ministério do Interior iemenita declarando, após investigação, que o irmão e o primo de Qawli não tinham relação com organizações terroristas. Foram mortos, diz o texto em árabe, por ação do destino.

Ali al-Qawli, o irmão, era professor, e o primo, Salim, estudante. A família vive na região de Qhawlan, perto da capital. Como ali não há mercado para comprar "qat", planta tradicionalmente mascada no país, haviam dirigido no início deste ano até um vilarejo nos arredores.

Lá, um grupo de desconhecidos deu dinheiro para que Salim os levasse a outra cidade. "Meu primo aceitou porque tinha coração puro e viu a chance de obter dinheiro para comer", diz Muhammad.

À noite, o vilarejo avistou foguetes no céu e ouviu explosões distantes. Como de costume, passaram a telefonar uns aos outros em busca de informações. "Quando me descreveram o carro, fiquei em choque. Soube que meu irmão tinha morrido", diz.

Muhammad e outros familiares foram ao local da explosão. "A cena era terrível. Até hoje a imagem me aflige. Sentíamos o cheiro de corpos queimados. Pedaços estavam espalhados no chão. Achamos cabeças, mãos, pernas."

Ele diz não ter ideia de por que o carro de seu primo foi atingido. Mostra, no celular, vídeos e fotos do irmão e insiste que era impossível ele integrar a Al Qaeda. Os alvos, talvez, fossem os desconhecidos de carona no carro.

"Os primeiros culpados são as nossas autoridades, que são os responsáveis por nós. Mas também culpamos os americanos, que exploram a terra iemenita e trazem as armas modernas para cá."

Durante o enterro, conta Muhammad, drones continuaram a sobrevoar a vila, zumbindo. "Estávamos apavorados. Pensávamos que todos iríamos morrer", diz.

"Os EUA pensam que podem criar segurança matando pessoas. Vamos mostrar a eles e nos recompensar com nossas próprias mãos."


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