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Análise - Espionagem

Empresas que ajudaram EUA começam a surgir

Global Crossing foi apontada pela mídia americana como colaboradora do esquema; no Brasil, nenhuma foi identificada

NELSON DE SÁ DE SÃO PAULO

Um mês atrás, quando o "Guardian" revelou o primeiro slide da NSA mostrando que o programa Fairview também espionava o Brasil, o único membro do governo Dilma que veio a público foi Paulo Bernardo (Comunicações).

Dizendo que "está se realizando aqui o 1984" de George Orwell, ele defendeu então "que a gente peça explicações" ao governo americano e às empresas envolvidas, mas não convenceu o restante do governo brasileiro.

Antonio Patriota (Relações Exteriores) havia fechado dias antes, em Washington, uma visita "de Estado" da presidente Dilma Rousseff à Casa Branca, para outubro.

Com a publicação no último domingo de outros slides do Fairview pelo jornal "O Globo", Bernardo voltou à carga, dizendo agora ser "um absurdo, se tiver empresa brasileira mancomunada com estrangeira para quebrar sigilo telefônico e de dados".

Desta vez, até Patriota pediu explicações. Ao mesmo tempo, elogiou a "disposição dos EUA ao diálogo" e lembrou, sobre o asilo à fonte das notícias, Edward Snowden, que não tem "intenção de receber esse cidadão aqui".

O foco da reação dos ministros está nas empresas de telecomunicações, que podem ter desrespeitado não só a legislação, mas a Constituição, como Bernardo vem dizendo desde o mês passado. O problema é que elas não são identificadas nos slides.

Mas começam a aparecer, por outros caminhos. Também no domingo, o "Washington Post", que desde o início divide com o "Guardian" as revelações do caso, nomeou a empresa de telecomunicações Global Crossing.

Ela teria sido a primeira a fechar acordo para acesso rápido e seguro do governo americano à sua rede. O acerto com a Global Crossing, cujos cabos ligam quatro continentes e 27 países, teria servido de modelo para acordos posteriores, com outras.

Em sua cobertura, o "WP" só questiona que os acordos permitem acesso a dados de americanos, via redes no exterior. Mas aos poucos crescem as críticas ao fato de os programas vigiarem também alemães ou brasileiros.

No "Guardian", o repórter Glenn Greenwald diz que as revelações do Brasil --junto com outras, da Alemanha, na "Der Spiegel"-- ajudam a compreender que "não é só a privacidade dos americanos que importa, ao contrário do que alguns querem sugerir".

Para ele, "as pessoas ao redor do mundo não têm ideia de que todas as suas comunicações de telefonia e internet são coletadas por um governo distante", daí a importância dos casos alemão e brasileiro, que resume assim:

"Toda essa vigilância é parte do programa Fairview: a NSA vira parceira de uma grande empresa de telecomunicações dos EUA, que por sua vez vira parceira de empresas de outros países, permitindo acesso a seus sistemas de telecomunicações."


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