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Trem descarrila e mata 65 na Espanha

Acidente ocorreu em uma curva fechada perto de Santiago de Compostela; suspeita é de excesso de velocidade

Havia mais de 200 passageiros a bordo; eventos do dia de Santiago, grande festa no país, foram suspensos

LUISA BELCHIOR COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE MADRI

Um descarrilamento de trem deixou ao menos 65 mortos e mais de 120 feridos ontem perto da estação de Santiago de Compostela, na Galícia, no norte da Espanha.

Especula-se que tenha havido falha humana e excesso de velocidade no que foi o terceiro acidente de trem mais grave da história espanhola e a maior tragédia ferroviária do país nos últimos 40 anos.

Até o fim da noite de ontem, a Embaixada do Brasil na Espanha não tinha nenhum registro de brasileiros entre as vítimas.

O trem era da linha de alta velocidade do país, o mesmo modelo que o consórcio espanhol participante da concorrência para operar o trajeto entre o Rio e São Paulo pretende utilizar no Brasil.

O acidente aconteceu na véspera do dia de Santiago, uma das principais festividades da Espanha, em homenagem ao patrono do país.

A prefeitura da capital galega cancelou todas as celebrações, que durariam uma semana e contariam com desfiles, shows e missas na cidade.

O rei da Espanha, Juan Carlos 1º, falou com o presidente da região (equivalente a governador), Alberto Nuñez Feijóo sobre a tragédia.

O trem, que fazia o trajeto entre Madri e a cidade galega de Ferrol, descarrilou por volta das 20h40 (15h40 no horário de Brasília), em uma curva acentuada na entrada de Santiago. A cidade é famosa por ser o destino final de milhares de pessoas (a maioria católicos) que fazem uma peregrinação todos os anos.

Até o fim da noite de ontem, a imprensa espanhola falava de excesso de velocidade da composição.

Segundo o jornal "Faro de Vigo", a Renfe, operadora ferroviária espanhola, confirmou que o trem circulava a 180 km/h naquele trecho, em que a velocidade de segurança recomendada é de 80 km/h.

O Ministério de Fomento, responsável pela malha ferroviária da Espanha, suspeitava de falha humana.

Um dos maquinistas, segundo o jornal "El Mundo", reconheceu ter perdido o controle do trem.

"Descarrilei, o que posso fazer?", disse ele a televisões e jornais espanhóis.

O trem fazia parte da linha mais veloz da Renfe, que chega a alcançar 300 km/h.

A via onde houve o acidente havia sido inaugurada fazia apenas dois anos, e apenas trens de alta velocidade passavam por ela.

Por causa da velocidade e da violência do impacto, todos os vagões viraram de cabeça para baixo, e o último pegou fogo. Um deles foi arremessado a cinco metros de distância e ficou pendurado em uma ribanceira.

Devido ao feriado pelo dia de Santiago, o trem estava praticamente lotado. Segundo a Renfe, havia 238 passageiros, além da tripulação.

"Quando o trem alcançou a curva, ele começou a capotar várias vezes e alguns vagões foram parar em cima de outros, deixando muita gente presa embaixo. Tivemos que nos esgueirar sob os vagões para poder sair", contou o passageiro Ricardo Montero a uma rádio espanhola.

"É um desastre. Eu tive sorte, porque fui um dos únicos a conseguir sair do trem caminhando", disse outro viajante, Sergio Prego.

O pior acidente ferroviário já registrado na Espanha ocorreu em 1944, com 78 mortos. Em 1972, outra tragédia tirou a vida de 77 pessoas.

O país vem reformando sua malha ferroviária para expandir os trajetos de alta velocidade, que existem há 20 anos e abrangem 21 províncias.


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