Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Condutor deve ser indiciado após desastre na Espanha

Trem circulava com o dobro da velocidade permitida em curva do acidente

Investigação considera hipótese de falha em sistema de freios; cifra de mortos sobe a 80 -- 67 foram identificados

LUISA BELCHIOR COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MADRI

O maquinista Francisco Garzón Amo, condutor do trem que descarrilou anteontem na Galícia, no norte da Espanha, foi intimado ontem a depor na Justiça e deve ser formalmente acusado por ultrapassar o dobro da velocidade máxima permitida no trecho do acidente.

O número de mortos pelo descarrilamento subiu ontem para 80 pessoas. Segundo os jornais "El País" e "El Mundo", em conversa por rádio com a mesa de operação pouco depois do acidente, Amo afirmou que conduzia a 190 km/h no trecho, onde o limite máximo é de 80 km/h, por se tratar de uma curva fechada na entrada da cidade de Santiago de Compostela.

Garzón, 52, deve ser acusado pelo excesso de velocidade, apesar de as investigações do caso também considerarem a hipótese de falha técnica --os freios podem não ter funcionado.

O tipo de trem que Garzón conduzia, um dos mais modernos da frota espanhola, tem radares internos automáticos que avisam o condutor nos trechos em que a velocidade deve ser reduzida.

Além da Justiça, que ontem recebeu a caixa-preta do trem, o governo espanhol e a Renfe, administradora da linha férrea, abriram investigações próprias sobre o caso.

Ontem foram divulgadas imagens de uma câmera de segurança que registrou o exato momento em que o trem descarrila. Os vagões centrais são os primeiros a sair do trilho, enquanto o frontal tomba e se choca contra uma parede. Os dois maquinistas sobreviveram.

Em sua página no Facebook, já desativada, Amo, que tinha 30 anos de experiência e um ano no trajeto do acidente, havia postado ano passado uma foto do velocímetro de um trem a 200 km/h com a frase "estou no limite".

Hoje, Garzón prestará depoimento à Justiça assim que sair do hospital, que prevê sua alta para esta manhã.

O ex-maquinista Luis Cierro disse à Folha que, quando operava nas linhas, havia pressão para o cumprimento de horários --a malha ferroviária espanhola, segundo a Renfe, é uma das mais pontuais do mundo. "Saí de lá, não queria jogar com a vida de pessoas", afirmou.

Ainda em busca das causas, a Espanha também viveu ontem dia de luto oficial, que durará mais dois dias em todo o país e seis na Galícia.

Toda a administração pública fez um minuto de silêncio no início do expediente.

O rei Juan Carlos e o premiê do país, Mariano Rajoy, foram a Santiago para acompanhar as investigações e o trabalho de atendimento.

As buscas por vítimas foram encerradas ontem. Até a conclusão desta edição, 87 pessoas continuavam internadas em hospitais da região, 30 em estado grave, segundo autoridades de Santiago.

Dos 80 mortos, 67 foram identificados. Ao menos dois são estrangeiros (uma dominicana e uma mexicana). A Embaixada do Brasil em Madri não havia registrado brasileiros entre elas. Como faltava reconhecer 13 pessoas, a lista oficial com o nome das vítimas deve sair hoje.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página