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Milhares protestam na Tunísia após morte de opositor
Muhammad al-Brahimi foi assassinado a tiros na porta de casa; ele fazia críticas à coalizão islamita no poder
Milhares de pessoas foram às ruas ontem na Tunísia para protestar contra o governo islamita, após o segundo assassinato político no país ocorrido neste ano.
O opositor Muhammad al-Brahimi, 58, foi morto com 11 tiros diante de sua casa na capital Túnis, na frente de sua filha e da mulher. Os atiradores fugiram em uma moto. Brahimi fazia parte do secular Partido Popular.
O episódio trouxe à memória o assassinato de outro político secular, Chokri Belaid, em 6 de fevereiro. Na ocasião, a Tunísia foi tomada pela maior onda de revoltas desde a deposição do ex-ditador Zine el-Abidine Ben Ali, em 2011; o então primeiro-ministro, Hamadi Jebali, foi forçado a renunciar ao cargo.
A viúva de Brahimi, Mbarka, afirmou à agência de notícias Reuters que "essa gangue criminosa matou a voz livre de Brahimi". Ela não especificou a quem se referia, mas o político era conhecido pela crítica insistente à coalizão islamita liderada pelo partido Al Nahda.
Brahimi havia renunciado neste mês ao cargo de secretário-geral do Partido Popular, após denunciar a "infiltração" de islamitas na sigla.
O presidente da Assembleia Constituinte da Tunísia declarou que hoje será um dia de luto em homenagem a Brahimi. Organizações sindicais planejam uma greve geral.
As manifestações de ontem tiveram como alvo prédios públicos, como o do Ministério do Interior, e escritórios do Al Nahda, que foram incendiados.
Houve também protestos em Sidi Bouzid, onde começaram os primeiros atos contra o ditador Ben Ali e que mais tarde se espalhariam pelo mundo árabe.
Segundo Rashid Gannouchi, líder do partido islamita, o assassinato de Brahimi tem por objetivo "interromper o processo democrático e matar o único modelo de sucesso na região, especialmente depois da violência no Egito, na Síria e na Líbia".
A transição política tunisiana, porém, também é considerada problemática, como evidenciam os conflitos conflagrados entre opositores seculares e islamitas.