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Líderes negros tentam resgatar a militância após absolvição de vigia

Caso de segurança branco que matou negro deve marcar os 50 anos de discurso de King

JOANA CUNHA DE NOVA YORK

Às vésperas do aniversário de 50 anos do discurso "Eu Tenho um Sonho", do líder civil Martin Luther King Jr., em 28 de agosto, lideranças negras americanas procuram resgatar a militância perdida, amparados nos recentes protestos contra a absolvição do vigia George Zimmerman, branco, que matou o jovem negro Trayvon Martin.

A resposta indignada após o julgamento, com manifestações em várias cidades, veio dos jovens, segundo Bertha Lewis, presidente do Black Institute.

"Na época de Luther King, os líderes civis punham suas vidas em risco e eram assassinados. Essa é a diferença. Hoje o movimento é muito educado. Não precisa ser violento, mas precisamos retomar a militância. A nova geração é mais militante", diz Lewis à Folha.

"Os líderes estão organizando tudo isso porque os jovens estão pedindo. O movimento de direitos civis está ganhando vigor", afirma.

A reação tem potencial porque é a primeira vez que essa geração vê um caso semelhante ganhar escala nacional, diz Kevin Myles, que organiza protestos na NAACP (entidade de defesa dos negros e um dos maiores grupos de luta pelos direitos civis no país).

"Os jovens assistem a crimes assim em suas comunidades, mas nunca com tal repercussão", afirma Myles.

Trayvon Martin, que se tornou o novo mártir do movimento negro, estava desarmado quando o vigia disparou contra ele, em suposta legítima defesa.

As circunstâncias do crime são vistas por ativistas como exemplo do racismo que atinge com mais intensidade os homens jovens.

Quase 25% dos negros com menos de 35 anos dizem ter recebido tratamento injusto da polícia nos últimos 30 dias, segundo pesquisa do instituto Gallup. O índice cai para 10% quando são abordados mulheres e homens acima de 55 anos.

Cerca de um quarto dos negros diz ter sido mal interpretado enquanto fazia compras em um shopping.

"Como um garoto negro deve caminhar para que não seja considerado suspeito nos Estados Unidos? É inacreditável que o preconceito seja usado até hoje em abordagens policiais", afirma Shirley Phipps, ativista da National Action Network.

A repercussão do caso levou o presidente Barack Obama a fazer um discurso sobre o tema na semana passada. Obama disse que Martin poderia ser ele há 35 anos.

Vozes conservadoras apontam que os jovens negros são percebidos como perigosos por causa do alto número de crimes registrados entre eles. "Se querem mudar essa percepção, precisam mudar seu comportamento. Luther King reconhecia isso", escreveu o também negro Jason Riley no diário "Wall Street Journal".


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