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Militar escapa da pior acusação, mas é condenado nos EUA

Absolvido de 'ajudar o inimigo', soldado Bradley Manning, fonte do WikiLeaks, pode pegar até 136 anos de cadeia

Ele foi declarado culpado por outras 19 acusações, de furto a espionagem, e poderá recorrer da sentença

JOANA CUNHA DE NOVA YORK

Responsável pelo vazamento de documentos confidenciais do governo americano para o WikiLeaks em 2010, o soldado Bradley Manning, 25, foi absolvido ontem, por uma juíza militar, da acusação mais grave que pesava contra ele, a de colaborar com o inimigo, que o levaria à prisão perpétua. Ele foi inocentado, ainda, da acusação de posse de informação de defesa nacional.

Manning, porém, foi considerado culpado por outras 19 acusações. A maior parte delas abrange espionagem e furto. Há também violações de legislação militar e fraudes de informática. A somatória das penas pode alcançar 136 anos de prisão. A etapa para fixar a sentença de cada condenação inicia hoje.

Nos tribunais militares americanos, qualquer réu que seja condenado a mais de seis meses de prisão tem automaticamente direito de recorrer, o que deve ocorrer no caso de Manning.

Em janeiro, a juíza do processo, coronel Denise Lind, determinou que qualquer pena contra ele seria reduzida em 112 dias devido aos maus-tratos que sofreu na penitenciária, onde foi mantido nu em celas sem janelas.

Lind refutou o argumento da acusação de que Manning vazou o material com a consciência de que o conteúdo seria usado por inimigos do país, como a Al Qaeda, o que animou seus apoiadores.

"Mas não podemos perder de vista que é sem precedentes a possibilidade de alguém ir para a cadeia por divulgar informações para a imprensa", afirmou Elizabeth Goitein, do programa de liberdade e segurança nacional da Universidade de Nova York.

Segundo Goitein, a sentença de Manning será possivelmente a maior que alguém acusado de entregar informações à mídia já recebeu.

O resultado vem no momento em que o governo do presidente Barack Obama tenta abertamente desencorajar o vazamento de segredos governamentais, a exemplo do caso de Edward Snowden, ex-técnico da CIA que revelou a existência do programa de vigilância praticado pela NSA (Agência de Segurança Nacional).

Sob acusações criminais de se apropriar de informações e repassá-las, Snowden busca asilo na Rússia para evitar ser julgado nos EUA.

Para Michael Corgan, da Universidade de Boston, a decisão de ontem envia um recado a Snowden. "Pode ser um sinal de que os EUA o tratariam do mesmo modo se ele fosse extraditado."

"Por outro lado, a condenação de Manning pelas outras 19 acusações pode levar a uma sentença cumulativa igualmente severa. De qualquer modo, terá um efeito inibidor sobre outras pessoas que pretendam realizar vazamentos", disse Corgan.

Em comunicado, o WikiLeaks avaliou a condenação como um "extremismo" que "não pode ser tolerado e deve ser revertido". Para a Aclu (União Americana pelas Liberdades Civis), "está claro que o governo buscou intimidar quem considere vazar informações no futuro".


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