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Novas cores no Oriente Médio

Parlamentar de Israel disputa Prefeitura de Tel Aviv e tenta se tornar o primeiro prefeito abertamente gay na história da região

DIOGO BERCITO ENVIADO ESPECIAL A TEL AVIV

"Cidade", de acordo com a definição do parlamentar israelense Nitzan Horowitz, 48, "é um lugar para todos".

O político expõe a sua convicção universalista enquanto fala à reportagem sobre questões urbanas como o transporte ou a educação.

Mas, vinda do primeiro membro abertamente gay eleito para o Parlamento de Israel, a mensagem simboliza também sua ambição de um país mais inclusivo para a população homossexual.

Horowitz concorre em outubro à Prefeitura de Tel Aviv. Se eleito, será o primeiro prefeito gay do Oriente Médio. Representando o partido de esquerda Meretz, ele tem 26% das intenções de voto, segundo pesquisa de junho. O atual prefeito, Ron Huldai (Trabalhista), lidera com 53%.

Se, durante os próximos meses, Horowitz convencer seus eleitores, terá a chance de liderar a cidade conhecida por bares e praias voltadas para o público homossexual. Mas, para além da fama, terá de lidar também com o preconceito velado e a violência que não costumam aparecer nas brochuras de turismo.

"Os gays ainda enfrentam desigualdade em questões como casamento, constituição de família e adoção de crianças", afirma. "Há muita homofobia e humilhação."

Israel tem sido, nos últimos anos, divulgado como porto seguro para a população gay no Oriente Médio. Mas ativistas criticam o marketing usando o termo "pinkwashing", ou "lavagem rosa" --ou seja, valorizar as liberdades civis de gays no país para desviar o foco da ocupação dos territórios palestinos.

Horowitz discorda. "É verdade que temos problemas. É uma situação muito injusta, e você não pode usar uma questão para camuflar outra.Mas é verdade também que os gays vivem melhor aqui do que no restante da região."

A homossexualidade, afinal, é criminalizada nos vizinhos Síria e Arábia Saudita.

INFLEXÃO

Quando Horowitz cresceu, ser gay também era ilegal em Israel. Mas, em poucas décadas, o país viu rápido avanço nos direitos civis. "Era proibido quando eu tinha 15 anos, mas aos 25 já tínhamos paradas gays. Minha geração experienciou a mudança."

Na semana passada, Jerusalém fez marcha pelos direitos de homossexuais; em junho, Tel Aviv reuniu 100 mil pessoas na parada. "Era inimaginável ver um casal gay de mãos dadas na rua, e as pessoas tinham de se ver em segredo", diz. Hoje, casais gays se reúnem diante do hotel Hilton de Tel Aviv, na apelidada "praia dos cachorros".

Para a campanha à prefeitura, porém, Horowitz não quer ser visto apenas como candidato da comunidade gay. Sua proposta é, a longo prazo, garantir uma cidade em que os habitantes possam viver em iguais condições.

Foi dele a proposta de legalizar o casamento civil no país. Hoje, só é possível casar-se religiosamente. A medida não passou. "Resolveria o problema de todos os casais em Israel, não só dos gays."


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