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Minha história - Israel Silva Guarnizo, 58

Com Maduro, em Havana

Colega de líder da Venezuela em curso de formação ideológica nos anos 80, colombiano recorda passado em Cuba, chamada por chavista de local onde "liberdade cagou na cara do imperalismo"

FLÁVIA MARREIRO DE SÃO PAULO

RESUMO

O colombiano Israel Silva Guarnizo, 48, recorda seus meses ao lado de Nicolás Maduro, então com 24 anos, num curso de formação ideológica oferecido por Cuba nos anos 80 a jovens da América Latina --passagem considerada decisiva na vida do sindicalista "fidelista" que viraria herdeiro de Hugo Chávez. Silva rememora as convicções do presidente venezuelano enquanto sonha em rever o amigo de Havana.

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Nicolás Maduro e eu estivemos em Havana entre 1986 e 1987, foram quase dez meses de aulas na Escola Nacional de Quadros Julio Antonio Mella. Todos éramos jovens que pertencíamos a organizações de esquerda da América Latina. Um dos critérios era ter gente com potencial de liderança.

Fui selecionado na minha organização, como Maduro também [o venezuelano era da Liga Socialista]. Aos 21, pertencia à Juventude Comunista Colombiana.

Era uma escola de formação ideológica. Não tinha nada a ver com formação [para guerrilha]. O que se estudava lá era história da Revolução Cubana, história da América Latina, economia política, filosofia idealista e materialista. Era um lugar onde as pessoas poderiam desenvolver outro modelo de cooperação, de convivência --à diferença do que oferece o capital.

Os professores eram de alto nível e havia várias escolas: uma para jovens, uma para líderes sindicais, formação política de líderes agrários.

Era tudo pago pelo Estado cubano. Dormíamos num alojamento em Havana do Leste. Não víamos altos dirigentes, mas o nosso contato com a cultura política do país era permanente.

JEITO CARIBENHO

Convivíamos no tempo livre. Fomos a Varadero [praia famosas de Cuba].O nosso grupo era variado, venezuelanos, colombianos, mexicanos. Tinha um brasileiro também, que se chamava Josivaldo "Bahia" Albuquerque, mas não mantivemos contato. Se eu não me engano, ele era da juventude do PT ou do Movimento Revolucionário 8 de Outubro [MR8].

Maduro era uma pessoa muito amena, muito cordial, bastante alegre. Tipo caribenho mesmo, que gosta de fazer gozação, muito diferente de nós colombianos que não somos do litoral. Seu nível de análise já era importante. Tinha um nível de formação ideológica. Dos venezuelanos que estavam lá, era o mais convencido, digamos, com mais argumentos da causa.

Hoje sou diretor da Associação de Cooperativas e Empresas Solidárias de Huila [departamento (Estado) da Colômbia]. A formação em Havana serviu para seguir nos movimentos sociais.

O propósito em Havana era o fortalecimento das ideias, e aí cada um regressava a seu país de interesse. Mas, de fato, do grupo que estivemos na época, não sei se todos estamos em atividade políticas.

Nunca poderia imaginar

que Nicolás Maduro chegaria à Presidência da Venezuela nem que vários governos da região se ergueriam a favor da população marginalizada. O desafio grande que Maduro tem agora é continuar esse caminho [de Hugo Chávez], superar as dificuldades. Acho que já há uma geração que é capaz de fazer mudanças em matéria de educação, em matéria de geração empregos na Venezuela e isso é uma fortaleza.

Queria muito encontrá-lo e para isso estou em contato com a Embaixada da Venezuela na Colômbia. Guardei fotos nossas da época e numa delas Maduro escreveu uma dedicatória, de próprio punho, em 23 de outubro de 1986: "Uma foto para a lembrar de um espaço da vida em que os caminhos se cruzaram, no primeiro território onde a liberdade cagou na cara do imperialismo".


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