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Entrevista

'Fiquei 9 horas na sala recebendo ameaça de prisão'

FABIO BRISOLLA DO RIO

O carioca David Michael dos Santos Miranda, 28, diz que, após duas horas circulando no aeroporto de Heathrow (Londres) sob custódia de agentes da Scotland Yard, ficou nove horas sendo interrogado. Ele diz que teve confiscados equipamentos em que havia arquivos de Edward Snowden.

Estudante de marketing, ele é companheiro do jornalista britânico Glenn Greenwald, que revelou o conteúdo de parte dos arquivos de Snowden.

Folha - Qual o motivo da ida para a Alemanha?

David Miranda - Levar alguns dados para a Laura [Poitras], que trabalha com o Glenn desde o início do caso Snowden e trazer dados armazenados em dois pendrives e um HD. Tudo foi apreendido. Não sei nada sobre o conteúdo.

Como foi a abordagem da polícia britânica?

Embarquei em Berlim, com conexão em Londres. Lá a comissária avisou que todos deveriam sair com o passaporte em mãos. Três oficiais me esperavam. Ao verem meu passaporte, um disse: "Me acompanhe por favor, senhor."

A Scotland Yard informou que você foi detido por nove horas com base na Lei de Combate ao Terrorismo.

Mentira. Foram 11 horas. Antes de seguir para a sala, fiquei duas horas circulando com os oficiais.

Como foi o interrogatório?

Fui levado para uma sala branca, sem janelas, com quatro cadeiras, uma mesa e uma máquina para registrar impressões digitais. Fiquei ali nove horas, sendo ameaçado de prisão. De 30 em 30 minutos, me ofereciam água. Eu não bebia. Jogavam o líquido fora. Pegaram minha bagagem de mão. Vasculharam tudo. Sumiram um aparelho roteador e um "smartwatch".

O que eles queriam saber?

Eles me perguntaram várias vezes sobre minha relação com Glenn e minha participação no trabalho dele. Andavam em volta de mim enquanto falavam. Foi um ataque psicológico. Queriam saber se eu tinha acesso ao conteúdo enviado por Snowden. Expliquei que meu trabalho com Glenn estava restrito à área de marketing.

O que mais perguntaram?

Por que as pessoas protestavam nas ruas do Brasil.

Você suspeitou que estava sendo monitorado?

Estranhei quando não pude antecipar o voo a Londres e quando disseram que não tinha como comprar outra passagem. Na Alemanha, fui a um bar com a Laura e uma funcionária dela, que estava com uma mochila, que cheguei a carregar por alguns momentos. Quando estávamos no bar, a mochila sumiu.


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