Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Oposição questiona Cristina sobre viagem

Presidente argentina fez visita não oficial em janeiro às ilhas Seychelles, um paraíso fiscal, e levantou suspeitas

Segundo programa de TV, empresa de ex-sócio de Kirchner acusado de lavagem de dinheiro possui contas no local

LÍGIA MESQUITA DE BUENOS AIRES

Deputados de oposição na Argentina pediram ontem que Cristina Kirchner esclareça o motivo de sua viagem não oficial às ilhas Seychelles em janeiro. A presidente esteve no paraíso fiscal ao retornar de viagem à Ásia. A escala no arquipélago levantou suspeitas de que ela poderia estar envolvida em uma operação de lavagem de dinheiro.

"O governo tentou ocultar essa viagem. Como não conseguiu, teve que reconhecê-la, mas está escondendo informações. É uma política obscurantista", disse o deputado Gerardo Milman, do partido GEN.

Um decreto no "Diário Oficial" do país informou que a estada de Cristina no arquipélago seria de 21 a 23 de janeiro. No domingo, quando o programa de TV "Jornalismo para Todos", de Jorge Lanata, revelou detalhes da viagem, a Casa Rosada disse que a presidente teria passado 13 horas e meia no país para a tripulação descansar.

"Em maio, na Câmara, fiz as mesmas perguntas que repito: por que a presidente foi até lá? Ela firmou algum convênio? Não há volume de negócios significativo desse país com a Argentina nem temos questões de ordem geopolítica para resolver lá", afirma Milman.

Em sua atração no canal 13, do grupo Clarín, Lanata revelou que a empresa Aldyne, vinculada ao empresário argentino Lázaro Báez, ex-sócio do ex-presidente Néstor Kirchner investigado por suspeita de lavagem de dinheiro, tem conta nas Seychelles.

Cristina usou seu perfil no Facebook para dizer que a reportagem foi um show midiático cheio de difamações. "A operação evidente e explícita consiste em atacar a memória daquele que já não pode se defender: o presidente Néstor Kirchner [morto em 2010]", escreveu.

Anteontem, o secretário-geral da Presidência, Oscar Parrilli, chamou Lanata de "assassino midiático" e disse que o CEO do grupo Clarín, dono do jornal de mesmo nome, faz a campanha do oposicionista Sergio Massa à eleição legislativa de outubro.

À Folha, Lanata disse que revelará mais detalhes da ida de Cristina ao paraíso fiscal em seu programa do próximo domingo. "Mostraremos que não foi uma escala técnica, a viagem estava programada."

Outro ponto que suscita questões é a duração da escala que o governo alega ter sido necessária para descanso da tripulação e abastecimento da aeronave, após esta ter voado 7h30 do Vietnã às Seychelles. Cinco horas e meia após a pausa nas ilhas, o avião fretado de uma empresa britânica pelo governo argentino, ao custo de US$ 1 milhão, pousaria em Upington, na África do Sul, para abastecer novamente.

"Dentro de um voo presidencial, tudo está previsto", disse à Folha Jorge Pérez Tamayo, ex-piloto do avião presidencial de 2005 a 2009, hoje dirigente da Confederação Argentina de Trabalhadores de Transporte.

Segundo ele, o avião usado no episódio tem autonomia de 13 horas e leva 40 minutos para ser abastecido. "Se a empresa que fretou o avião sabia que a tripulação precisaria descansar, teria que ter uma equipe nova no local esperando para embarcar."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página