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Militar pega 35 anos de prisão nos EUA por ter vazado dados

Menor que a esperada, sentença aplicada a soldado Bradley Manning foi 'vitória estratégica', diz WikiLeaks

Após cumprir 1/3 da pena, ele poderá pedir liberdade condicional; advogado tentará obter perdão presidencial

JOANA CUNHA DE NOVA YORK

O soldado americano Bradley Manning, 25, que entregou ao WikiLeaks milhares de papéis secretos da diplomacia e do Exército dos EUA em 2010, recebeu ontem sentença de 35 anos de prisão, além de ter sido expulso da corporação.

A punição dada por uma corte militar é muito inferior ao pedido feito pela Promotoria, de ao menos 60 anos.

Conforme lembrou o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, em comunicado, a prisão perpétua e a pena de morte chegaram a ser cogitadas para Manning.

"A defesa deve se orgulhar da vitória estratégica, mas é preciso lembrar que essa condenação é uma afronta à Justiça", disse Assange. Os advogados de defesa haviam pedido não mais que 25 anos, prazo de sigilo da maioria dos documentos vazados.

Em julho, Manning foi absolvido da acusação mais grave, a de colaborar com o inimigo, que poderia fazê-lo ficar o resto da vida na cadeia.

O soldado foi considerado culpado por outras 19 acusações, entre elas espionagem e furto. A somatória de tais penas poderia chegar a 136 anos de prisão.

Dias depois, foi reduzida para 90 anos, quando a juíza decidiu que diversas das violações eram relacionadas.

Na semana passada, para tentar abrandar a pena, Manning chegou a se desculpar pelos atos cometidos.

A estratégia era afastar a imagem de vazador para assumir o papel de um jovem em confronto com sua identidade sexual, sem condições psicológicas de lidar com informações sensíveis --Manning é homossexual e, numa audiência, divulgou foto em que aparecia de batom e com uma peruca loira.

Serão abatidos da pena os três anos e meio que Manning já passou na prisão e outros 112 dias, como uma compensação pelos maus-tratos sofridos em sua detenção, como ser forçado a dormir nu.

Após cumprir um terço da pena, Manning poderá pedir liberdade condicional, o que deve ocorrer em cerca de sete anos, considerados os abatimentos da sentença.

O advogado de Manning, David Coombs, disse que enviará pedido de perdão presidencial a Barack Obama.

Para Michael Corgan, da Boston University, a pena é dura, mas se inclina para a defesa. "Interpreto essa sentença como uma repreensão ao governo por ter permitido que alguém tão inexperiente acessasse tais dados."

A pena não pode ser considerada branda se comparada com a de outros vazadores, diz Mary-Rose Papandrea, professora da Boston College Law School. "O sistema jurídico dos EUA não faz distinção entre espiões e quem revela informações à imprensa para estimular debates públicos", afirma.


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