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Fuga de senador boliviano derruba Patriota

Chanceler é demitido após polêmica entrada de Roger Pinto Molina no Brasil; Luiz Alberto Figueiredo o substituirá

Novo ministro foi coordenador da Rio+20 e tem estilo tido como 'duro'; Patriota vai para seu lugar na ONU

VALDO CRUZ NATUZA NERY DE BRASÍLIA

A operação que trouxe o senador boliviano Roger Pinto Molina de La Paz para o Brasil, sem autorização do Palácio do Planalto e do Itamaraty, derrubou ontem o chanceler Antonio Patriota.

Ele será substituído pelo embaixador do Brasil na ONU (Organização das Nações Unidas), Luiz Alberto Figueiredo, 58. Patriota, 59, irá para seu lugar em Nova York.

Figueiredo foi o coordenador brasileiro nas negociações da Rio+20, período em que se aproximou da presidente da República --que criticara bastante o desempenho de Patriota na preparação para o evento, ocorrido no ano passado.

A demissão de Patriota ocorreu em um breve encontro, de 15 minutos, entre ele e Dilma. Oficialmente, ele apresentou sua demissão, mas na realidade sua saída foi determinada por Dilma.

Antes do encontro, o chanceler já havia sido avisado de que iria perder o cargo pelo antecessor, Celso Amorim, hoje titular da Defesa e com quem Dilma havia se reunido por uma hora e meia.

Na avaliação do Palácio do Planalto, o episódio de retirada do senador da Bolívia e sua posterior fuga para o Brasil mostrou uma falta de comando de Patriota no seu ministério.

Segundo a Folha apurou, a presidente ficou muito irritada com a decisão do diplomata Eduardo Saboia, responsável pela retirada de Molina da Bolívia, e exigiu do Itamaraty uma punição ao encarregado de negócios (cargo equivalente a embaixador interino) em La Paz.

Ontem à noite, o afastamento de Saboia por tempo indeterminado foi autorizado pelo ministério. Ele ficará suspenso até a conclusão de uma investigação para apurar responsabilidades.

Na avaliação do governo, houve uma "grave" quebra de hierarquia, com um servidor público desrespeitando uma decisão presidencial, o que tem de ser punido.

A própria presidente já havia rejeitado, em fevereiro, proposta semelhante feita pelo próprio presidente da Bolívia, Evo Morales, para retirada de Molina por terra, mas sem a concessão de salvo-conduto, o que poderia pôr em risco a vida do político.

Apesar de gostar pessoalmente de Patriota, Dilma nunca aprovou seu estilo pouco incisivo.

Foi assim recentemente, quando o brasileiro David Miranda ficou detido por nove horas em um aeroporto de Londres após ser enquadrado na lei antiterrorismo. Miranda é namorado do jornalista Glenn Greenwald, responsável pelas primeiras reportagens com denúncias de espionagem americana.

O brasileiro teve seus equipamentos confiscados pelas autoridades britânicas.

Nesse episódio, Patriota foi criticado por não ter sido enfático o suficiente. Na ocasião, ele classificou a detenção como "injustificável", mas negou ser necessária qualquer manifestação adicional por parte do Brasil.

Já Figueiredo é considerado um embaixador de estilo mais duro, próximo ao da própria presidente.

Por meio de nota divulgada na noite de ontem, o Planalto informou que "Dilma Rousseff aceitou o pedido de demissão do ministro Antonio de Aguiar Patriota".

A presidente agradeceu "a dedicação e o empenho" do antigo ministro nos mais de dois anos em que permaneceu no cargo.

O primeiro compromisso internacional de Figueiredo será a reunião da Unasul, no Suriname, no sábado.


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