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Bolívia diz que fuga é "agressão" e "atrasa" relações com Brasil
DE BRASÍLIA DE SÃO PAULOO embaixador da Bolívia no Brasil, Jerjes Justiniano, classificou ontem a saída do senador boliviano Roger Pinto Molina daquele país como "agressão" a acordos diplomáticos e à soberania do país.
"É uma agressão, ato que atrasa as relações. Era para eu estar em reunião com o Itamaraty para tratar de outros assuntos, e não disso", afirmou. "Houve desrespeito a acordos internacionais e de reciprocidade", completou.
Justiniano, contudo, disse que a fuga de Molina é um problema "isolado", que não abala a relação entre os dois países, que seguem "irmãos".
O embaixador afirmou que não houve "falha" em resolver o destino de Pinto Molina, que ficou na embaixada brasileira por mais de 400 dias. "Formamos uma comissão bilateral que buscava uma solução. Diplomacia não é tempo, é resultado", disse.
Na visão da Bolívia, segundo Justiniano, Pinto Molina é fugitivo. "É direito do Brasil dar o asilo, e é um direito da Bolívia não dar um salvo-conduto. No momento em que ele abandona a embaixada, perde o direito de asilo. Ele já pediu refúgio, e quem tem que determinar isso é o Brasil", disse. "Neste momento, ele é um refugiado".
Justiniano disse que a Bolívia cobrou explicações no caso. "Esperamos uma solução em que nenhum dos dois saia agredido. Há interesse em que Brasil e Bolívia tenham má relação, mas reforçaremos nossa irmandade".
IMPRENSA
A vinda de Pinto Molina ao Brasil repercutiu nos jornais bolivianos. O "La Razón", de La Paz, escreveu que a saída do senador se deu com "clara cumplicidade brasileira" e chamou a atenção para a demissão de Antonio Patriota do cargo de ministro das Relações Exteriores.
O periódico deu destaque às declarações da ministra da Justiça do país, Cecilia Ayllón, que afirmou que o Brasil "violou normas internacionais ao conceder asilo político ao senador".
A estatal "Agencia Boliviana de Información" falou em "ânimo" da Bolívia em resolver a questão de modo diplomático. Em entrevista à agência, o ministro da Defesa do país, Rubén Saavedra, disse que o país tentará, dentro das possibilidades legais, a extradição de Pinto Molina.