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Cristina reduz imposto a 2 meses da eleição
Medida atingirá quase 90% dos trabalhadores com vínculo empregatício da Argentina
Demorou duas semanas para a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, dar uma cartada eleitoral que possa reverter no pleito do dia 27 de outubro a perda de votos que seu partido teve nas primárias para o Legislativo no dia 11 de agosto.
Na noite desta terça, a presidente anunciou que a partir de 1º de setembro não cobrará mais o Imposto de Renda dos trabalhadores e aposentados que ganham até 15 mil pesos bruto por mês.
A resolução, que será publicado hoje como decreto no "Diário Oficial argentino, atingirá 1,5 milhão de pessoas e 89,8% de trabalhadores com vínculo empregatício.
O governo deixará de arrecadar 2,5 bilhões de pesos. A presidente disse que esse esforço fiscal "será compensado com a taxação sobre os negócios com ações e dividendos fora da Bolsa de Valores".
"Mais uma vez a presidente usa o aparato do Estado com intenção puramente eleitoral. Se [seu partido] tivesse ido bem nas primárias do Legislativo, ela não faria esse anúncio", diz o analista político Patricio Giusto, da consultoria argentina Diretório Político
O anúncio foi feito na Casa Rosada, durante a segunda reunião de Cristina com alguns empresários e sindicalistas do país.
Na semana passada, a mandatária havia se reunido com eles em Río Gallegos. A cartada de Cristina não deverá garantir uma migração de votos em outubro para a coligação kirchnerista Frente para a Vitória, segundo o analista Giusto.
"Os eleitores antigoverno têm motivos mais profundos [para não votar] do que os impostos", diz ele. "E essa medida é o remendo de uma distorção grande por anos de inflação acumulada."
OPOSIÇÃO
A oposição não demorou a criticar a ação. "O decreto é uma medida paliativa para amenizar o balde de água fria que o governo levou nas Paso [primárias]", disse o deputado da UCR Miguel Giubergia.
A deputada Elisa Carrió, da Coalizão Cívica, que integra a Frente UNEM, disse que a redução de impostos é uma das bandeiras da coligação.
"Fico contente que a presidente tenha adotado a agenda da oposição", ironizou.