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Cristina e Buenos Aires têm disputa por estátua

Presidente da Argentina quer que Colombo dê lugar a heroína boliviana

Troca é alvo de protesto por parte de ONG e de associações italianas; La Paz pagou US$ 1 mi pelo novo monumento

LÍGIA MESQUITA DE BUENOS AIRES

Cristóvão Colombo repousa seu corpanzil de seis metros de altura e 60 toneladas sobre uma estrutura de madeira. Há exatos 63 dias, foi ao chão e perdeu a vista que tinha, desde 1921, do rio da Prata. Agora, só olha para o céu de Buenos Aires.

Foi no dia 29 de junho passado que um guindaste entrou na Praça Colón, nos fundos da Casa Rosada, e içou a estátua de mármore de carrara, presente da comunidade italiana à cidade.

O navegador italiano (1451-1506) perdeu seu lugar porque a presidente Cristina Kirchner decidiu que a homenageada deveria ser Juana Azurduy (1780-1862).

A boliviana, condecorada postumamente em 2009 como general do Exército da Argentina, é uma das figuras que participaram da guerra pela emancipação do Vice-reinado do rio da Prata --o início do surgimento do Estado argentino.

Para a confecção da nova estátua, em bronze, o governo boliviano doou US$ 1 milhão. A obra está sendo feita pelo argentino Andrés Zerneri e deve ficar pronta até o final deste ano.

Cristina quer que a imagem apareça ao fundo de seus discursos na Casa Rosada. Para ter o novo cenário, resolveu enviar o Colombo a Mar del Plata, cidade que já possui uma estátua do genovês.

O desalojamento está embargado até 12 de setembro graças a uma liminar concedida à ONG Basta de Demolir. Também entraram na Justiça para impedir a remoção da obra a Prefeitura de Buenos Aires e associações italianas. Anteontem, a Câmara Municipal aprovou lei que declara o monumento um bem da cidade. Dessa maneira, a prefeitura espera que Colombo permaneça onde está.

Caso a Justiça dê uma sentença pró-Casa Rosada, a Basta de Demolir avisa que levará o caso à Corte Suprema.

"Não dá para remover um monumento que pertence à cidade por causa de um capricho da presidente", diz à Folha a diretora da ONG, María del Carmen Usandivaras.

Para Marco Basti, diretor do jornal "Tribuna Italiana" e membro da associação Dante Alighieri, as estátuas deveriam ficar juntas. "A presidente precisa se lembrar que uma sociedade se constrói com a soma de todos, não tirando alguns de cena".

A desculpa do governo de tirar Colombo do pedestal para começar sua restauração é "absurda", diz María del Carmen Magaz, coordenadora da associação Salvemos as Estátuas.

"Qualquer especialista sabe que você causa mais danos a um monumento quando precisa desmontá-lo."

Para que o guindaste não entre em ação novamente, um carro da prefeitura vigia o local, de fora da praça. Isso porque o espaço municipal foi cercado com grades pela Casa Rosada, em 2007.

"Pela lei, a praça só poderia ser fechada para eventos ou quando alguma manifestação representasse perigo", diz o subsecretário de Uso do Espaço Público, Patricio Di Stefano. "A Casa Rosada não poderia nem cercar a praça nem tirar a estátua. Fazer isso pela força não é correto."


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