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Êxodo de mão de obra barata garantiu 'milagre'

DE PEQUIM

Os números explicam a preocupação do governo chinês em estimular o êxodo para as cidades.

Kam Wing Chan, um dos maiores estudiosos do mundo em urbanização na China, calcula que a migração foi responsável por entre 16% e 20% do acelerado crescimento econômico do país das últimas décadas.

Em grande parte, diz ele, o milagre chinês só foi possível devido ao sistema de registro de residência (hukou) em vigor no país, que nega aos migrantes rurais acesso a serviços públicos como educação e saúde nas cidades.

"Um enorme exército de mão de obra barata contribuiu para que a China se tornasse a fábrica do mundo", afirma Chan. Ele estima que haja 230 milhões de migrantes rurais no país, a grande maioria sem o "hukou".

Professor da Universidade de Washington (EUA), Chan participou recentemente de uma conferência sobre urbanização em Pequim, onde apresentou sugestões para abolir gradualmente o registro de residência.

Segundo ele, a reforma é uma necessidade moral, mas também faz sentido do ponto de vista econômico.

Sem mudar o "hukou", diz Chan, o plano do governo de acelerar a urbanização para aumentar o mercado doméstico naufragará, pois os migrantes continuarão à margem do consumo.

Ele ressalta que será preciso uma reforma fiscal, para redistribuir os recursos do Estado de forma racional.

Chan lembra que um dos maiores obstáculos à reforma do "hukou" é a oposição dos governos locais, porque são eles que pagariam a maior parte da conta.

"Atualmente, o orçamento para os benefícios sociais é direcionado de acordo com o registro de residência", explicou à Folha. "Quando uma criança migra do campo para a cidade, o dinheiro continua indo para seu vilarejo de origem, e não para a cidade onde ela está vivendo."

Para Chan, cultiva-se entre a classe dirigente chinesa a ideia equivocada de que a reforma do "hukou" teria custo enorme para os governos.

"Na verdade, se a reforma for feita de forma gradual, ela não será cara a longo prazo. Migrantes são geralmente jovens. Não usam muito os serviços de saúde e não recebem pensões nos primeiros anos", afirma.


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