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Visita a EUA depende de explicação, diz Dilma

Presidente afirma que viagem em outubro ocorrerá se houver 'condições políticas' após escândalo de espionagem

Em encontro durante cúpula do G20, na Rússia, Obama diz que até quarta-feira dará informações ao Brasil

CLÓVIS ROSSI ENVIADO ESPECIAL A SÃO PETERSBURGO

O presidente dos EUA, Barack Obama, comprometeu-se com sua colega brasileira Dilma Rousseff a anunciar na quarta-feira "todas as medidas que o Brasil considerar suficientes" para dar por encerrado o contencioso em torno do esquema de espionagem sobre a mandatária brasileira, revelada domingo, no "Fantástico", a partir de informações vazadas por Edward Snowden.

A promessa foi feita no encontro de anteontem entre os dois governantes, em meio à cúpula do G20, na Rússia, e retransmitida, ontem, pela própria Dilma.

Obama disse a Dilma que deseja criar "as condições políticas" para que seja mantida a visita de Estado da brasileira a Washington, prevista para outubro.

"Sem condições políticas, não se vai", antecipou Dilma. Mas ela não quis especular sobre quais seriam as informações americanas que criariam tais condições.

Deixou clara apenas uma delas: "Quero saber tudo o que há [sobre a espionagem dirigida a ela, a seus ministros e a cidadãos e empresas brasileiras]."

Ou seja, não quer ser de novo surpreendida por informações jornalísticas como a de domingo passado.

Avisou, a propósito, que foi informada de que domingo que vem deverá haver mais novidades.

As informações americanas serão transmitidas por Susan Rice, conselheira de Segurança Nacional, ao chanceler brasileiro Luiz Alberto Figueiredo. Se necessário, os dois presidentes voltarão a se falar ao telefone.

A conversa com Obama começou com um autêntico sermão da brasileira, segundo o relato dela própria.

A presidente expressou sua "indignação pessoal e do conjunto do país" com o esquema de espionagem.

Os atos de monitoramento são "incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos", disse Dilma, ainda mais em se tratando do relacionamento entre as grandes democracias do hemisfério ocidental.

Prosseguiu: a espionagem ocorrida no Brasil é fato "gravíssimo", por se tratar de uma "democracia forte, sólida e grande", que "há 140 anos vive de forma pacífica com seus vizinhos", não tem conflitos étnicos e religiosos nem abriga grupos terroristas.

Ainda por cima, "tem na Constituição a proibição do uso e fabricação de armas nucleares".

Logo, concluiu, cai por terra a hipótese de que a espionagem tinha como fundamento a segurança nacional norte-americana. Deve-se, acha Dilma, a "fatores geopolíticos, estratégicos, comerciais e econômicos".

A espionagem afeta "interesses econômicos, a soberania e direitos humanos ou civis", enfatizou Dilma, o que é "estarrecedor partindo de um país que tem como característica na sua fundação" o respeito a tais direitos.

ONU

Foi então que Obama anunciou o desejo de fornecer satisfações. Dilma não escondeu o ceticismo.

Primeiro porque o processo de explicações poderia demorar e há pressa em esclarecê-lo. Segundo porque um pedido de desculpas não basta, tanto que Dilma anunciou que irá às Nações Unidas em busca de instrumentos "de governança da internet" que evitem o que Dilma chamou de "intrusão".

A presidente disse que não era apenas uma questão bilateral, tanto que também o mexicano Enrique Peña Nieto foi espionado.

"Seja qual for a forma da invasão, tem que ser coibida e não só no plano bilateral, mas internacional".

A partir disso Obama comprometeu-se com uma resposta na quarta-feira. Mas Dilma deixou claro que "quarta-feira não é um dia D". É apenas o dia de uma primeira avaliação. Ela diz "não ter prazo para dar resposta".

Mesmo ainda indignada, quase uma semana após as revelações, Dilma cuidou-se de não jogar gasolina no fogo, ao evitar aceitar a equiparação da espionagem ao terrorismo, feita por Dmitri Peskov, porta-voz do presidente russo, Vladimir Putin.

"Guerra é guerra, terrorismo é terrorismo, espionagem é espionagem", afirmou a presidente.


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