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Protestos antiguerra têm baixa adesão

Manifestações contra ação militar na Síria atraem bem menos participantes do que atos contra guerra ao Iraque

Baixo comparecimento ocorre apesar de pesquisas indicarem que intervenção tem pouco apoio popular

DE LONDRES DE NOVA YORK

Há pouco mais de dez anos, em fevereiro de 2003, cerca de 750 mil pessoas foram às ruas de Londres contra a guerra ao Iraque, motivada pela alegação de que Saddam Hussein era capaz de produzir armas de destruição em massa. Em Nova York, foram mais de 200 mil.

Os protestos eram liderados por movimentos pacifistas que ganharam fama na época.

Hoje, diante de uma possível ação militar liderada pelos EUA contra a Síria pelo suposto uso de armas químicas, o cenário é completamente diferente.

O clima antiguerra não tomou conta das ruas de Reino Unido e EUA, apesar de pesquisas mostrarem que o ataque não tem apoio popular.

Ontem, apenas 23 pessoas apareceram na King Charles Street, onde fica a sede do departamento de Relações Exteriores do Reino Unido, para protestar contra a visita do secretário de Estado americano, John Kerry, na cidade para falar sobre a crise síria.

Mas o público foi diminuindo, e, em poucos minutos, sobraram apenas três manifestantes com faixas pedindo a libertação do australiano Julian Assange (WikiLeaks), asilado na embaixada do Equador em Londres.

A manifestação de ontem foi convocada no fim de semana pelo movimento "Stop the War" (Pare a Guerra), que ficou conhecido em 2003 por liderar os protestos contra o ataque ao Iraque.

"John Kerry teve uma animada recepção antiguerra", informou o grupo em seu site na internet, apesar da baixa adesão.

Para as 10h de ontem (7h no horário de Brasília), logo após a visita de Kerry, o grupo programou um protesto contra o uso de "drones" (aviões não tripulados) em ações militares.

A Folha tentou acompanhá-lo, mas não encontrou ninguém no lugar agendado, uma estação de trem distante do centro de Londres. Um funcionário da linha informou que poucas pessoas apareceram e se dispersaram por causa da chuva fina que caía.

O próximo protesto contra o ataque à Síria será amanhã, em frente à Embaixada dos EUA em Londres. "Precisamos elevar ao máximo nossos protestos para impedir que nos levem a uma guerra catastrófica", diz a entidade em seu site.

Desde sexta-feira, a Folha tenta entrevistar os líderes do movimento. Ontem, chegou a ir à sede dele, em Londres, e, depois, telefonou e enviou por escrito pedido para ouvi-los. Mas ninguém do seu comando se dispôs a conversar com a reportagem.

NOVA YORK

Em Nova York, uma manifestação agendada pelo grupo United for Peace and Justice (Unidos pela Paz e Justiça) reuniu cerca de 300 pessoas na Times Square no último sábado.

Participantes ouvidos pela Folha durante o protesto reconheciam que o movimento atual carece de adesão.

"Eu protestei na Califórnia contra a guerra no Iraque. [As manifestações] eram muito maiores naquela época, mas temos de considerar que estamos apenas no começo dos esforços contra essa ação na Síria", disse Leilane Dowell, 35, uma das organizadoras.

John D. Baldwin, 60, do Partido Verde, lembra que os atos de que participou na adolescência, na época da guerra no Vietnã, eram muito mais expressivos.

"Protestei contra todas essas guerras. Tenho experiência, sei que o movimento atual vai crescer porque não há aprovação popular para esse ataque que Obama pretende realizar", disse.

Parte dos presentes eram expatriados sírios, que cobravam de Obama as provas de que o regime de Bashar al-Assad foi responsável pelo ataque com armas químicas ocorrido em Damasco no último dia 21, conforme acusa Washington.

"Os Estados Unidos não têm direito de fazer esse ataque. É uma decisão errada, baseada em provas falsas", disse o empresário Nasser Ahmad. (LEANDRO COLON E JOANA CUNHA)


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