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Americanos e russos anunciam acordo sobre armas sírias

Plano celebrado entre chanceleres na Suíça dá ao ditador Assad uma semana para apresentar seu arsenal químico

Descumprimento pode resultar em sanções inclusive militares, diz Kerry; Obama elogia, e rebeldes atacam texto

LEANDRO COLON DE LONDRES

Os governos dos Estados Unidos e da Rússia anunciaram ontem, em Genebra (Suíça), que chegaram a um plano para que o regime de Bashar al-Assad na Síria entregue suas armas químicas.

O acordo tem para a Rússia gosto de vitória política sobre os EUA, que ameaçavam atacar a Síria, dependendo só de apoio do Congresso.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e o chanceler russo, Sergei Lavrov, revelaram os principais pontos.

Entre eles está a obrigação da Síria de apresentar todo seu material químico à comunidade internacional no prazo de uma semana.

Depois disso, está prevista a destruição "segura" desse arsenal até meados de 2014. O plano inclui acesso ao material pelos inspetores externos até novembro deste ano.

Segundo Kerry, se o regime de Assad não cumprir o acordo, EUA e Rússia poderão buscar uma forma de sanção, incluindo até ação militar.

"Temos o compromisso de impor medidas com base no capítulo 7 do Conselho de Segurança da ONU", disse Kerry, mencionando trecho da Carta da ONU que abre caminho para um ataque à Síria.

O secretário afirmou que o ditador sírio deve permitir que o plano seja totalmente "implementado".

Ontem foi o terceiro dia de negociações entre EUA e Rússia em Genebra. O governo americano tem ameaçado agir na Síria se Assad não entregar suas armas químicas à comunidade internacional.

O presidente Barack Obama o acusa de usar gás venenoso para matar civis. Ele vinha defendendo ataque imediato, mas mudou de discurso no decorrer da semana, abrindo espaço à negociação.

Principal aliado da Síria entre os países com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, a Rússia anunciou a disposição de o regime abrir mão das armas químicas em troca de não sofrer ataque.

Na verdade, Lavrov "pegou carona" numa declaração de Kerry em visita a Londres, no início da semana passada. O secretário de Estado declarou que os EUA poderiam não atacar a Síria se Assad entregasse as armas químicas.

O chanceler russo disse, então, que o regime sírio concordaria em abrir mão de seu arsenal e propôs negociação com os americanos, que aceitaram conversar em Genebra.

O principal ponto de discórdia estava na intenção dos EUA de aplicar sanções à Síria, inclusive militares, caso não cumpra o acordo definido --a Rússia é contra.

Ontem, eles anunciaram um meio-termo: o regime de Assad poderá ser punido, mas qualquer decisão nesse sentido terá que passar pelo Conselho de Segurança da ONU. Kerry e Lavrov já disseram que, além da questão das armas químicas, será aberta uma negociação de paz para acabar com o conflito que toma conta da Síria desde 2011.

Espera-se para amanhã a divulgação de relatório da ONU sobre o uso de material químico no país. O documento, porém, não revelará os responsáveis por ataques.

Ontem,a organização disse ter recebido da Síria os documentos necessários para que ela se junte à convenção de armas químicas, que vigorará a partir de 14 de outubro.

EUA, BRASIL E REBELDES

O presidente Obama disse que o acordo é um "passo concreto e importante" para a destruição do arsenal químico. Mas advertiu que os EUA estão "preparados para agir" se Assad o descumprir.

Em nota, o governo brasileiro saudou o plano e disse que reitera seu apoio ao representante da ONU, Lakhdar Brahimi, e à realização de nova conferência internacional sobre a Síria.

Anders Rasmussen, secretário-geral da Otan, também elogiou o acordo.

Insurgentes sírios repudiaram a iniciativa. Para Selim Idris, a Rússia é cúmplice dos crimes de Assad e o acordo permitirá que ele não responda por centenas de mortes com gás.


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