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Análise

No papel, plano impressiona, mas não serve para dar fim à guerra

PETER BEAUMONT DO "OBSERVER"

No papel, o acordo entre EUA e Rússia para a destruição do arsenal químico da Síria impressiona. O prazo para que a Síria apresente um inventário de suas armas químicas, uma semana, é muito mais curto que os 30 dias pedidos por Bashar al-Assad.

O não cumprimento, como acordaram o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e o chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, resultaria em recurso ao Conselho de Segurança da ONU, nos termos do capítulo 7 da Carta das Nações Unidas.

O diabo, porém, mora nos detalhes. Enquanto Kerry e Lavrov falavam, estava claro que as "linhas vermelhas", de todos os lados, permaneciam no mesmo lugar do início da semana passada. E é muito provável que a definição de "cumprimento total" do acordo seja matéria de discussão nos próximos meses.

A verdadeira questão tem sido encoberta: as diferenças fundamentais entre Moscou e Washington sobre como o conflito deve ser encerrado. Em vez disso, o acordo se limitou ao problema mais restrito ""embora de fato muito sério-- do uso passado e do futuro armazenamento de armas químicas pela Síria.

A guerra mais ampla, que já matou cerca de 100 mil pessoas dos dois lados e desalojou 6,6 milhões, prosseguirá com armas convencionais. E, em caso de descumprimento do acordo, os mesmos argumentos vistos nos últimos meses serão revisitados, porque no capítulo 7 há diferentes opções disponíveis.

O texto do artigo 41 desse capítulo menciona "medidas não envolvendo o uso de forças armadas", as quais vão da interrupção de relações econômicas ao rompimento das relações diplomáticas.

Se isso não funcionar, o Conselho de Segurança pode invocar o artigo 42, que o autoriza a "tomar medidas usando as forças aéreas, marítimas ou terrestres que sejam necessárias para manter ou restaurar a paz e a segurança internacionais".

É precisamente isso que continua a ser uma linha vermelha para a Rússia, não menos importante sob a nova política externa anunciada por Putin no início deste ano.

Além disso, não há nenhum indício de que os russos tenham mudado suas objeções à transição política com vistas à saída de Assad --um dos pontos de atrito.

Em outras palavras, mesmo com todo o progresso aparente, a solução do conflito vem sendo adiada devido à imposição de uma série de condições sobre pontos-chave. Pode não haver mais ataques com armas químicas, mas no futuro próximo a guerra e a catástrofe humanitária na Síria vão continuar.


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