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Irã solta 11 presos políticos antes de participar de reunião da ONU

Gesto do governo é visto como tentativa de pavimentar caminho para fim do impasse nuclear

Em entrevista a uma TV americana, presidente diz que o seu país 'nunca vai construir armas nucleares"

SAMY ADGHIRNI DE TEERÃ

O Irã libertou ontem ao menos 11 presos políticos, como parte da ofensiva diplomática do presidente Hasan Rowhani às vésperas de sua ida a Nova York para participar da Assembleia-Geral da ONU.

Rowhani, eleito em junho para suceder ao controverso Mahmoud Ahmadinejad, vem sinalizando a intenção de aproveitar o encontro anual de líderes mundiais, na próxima semana, para pavimentar o caminho rumo ao fim do impasse nuclear e à normalização das relações com o Ocidente, incluindo uma possível reaproximação com os Estados Unidos.

Em entrevista à TV americana NBC ontem, Rowhani prometeu que o Irã "em nenhuma circunstância construirá armas nucleares", outro aceno aos americanos.

Entre os libertados ontem está a advogada e militante de direitos humanos Nasrin Sotoudeh, 49, condenada em 2010 a seis anos de prisão por supostamente espalhar propaganda contra o regime e atentar contra a segurança nacional. A advogada havia defendido vários oposicionistas perseguidos.

Vencedora do prêmio Sakharov de direitos humanos em 2012, Sotoudeh trabalhava no escritório de outra advogada premiada por seu ativismo em prol da liberdade no Irã, a Nobel da Paz (2003) Shirin Ebadi, autoexilada.

"Não sei com que base legal me libertaram", disse Sotoudeh, citada por jornais, após sair da prisão de Evin, no norte de Teerã, e chegar em casa, no oeste da capital, onde foi recebida por parentes amigos. Entre os convidados a receber a advogada estava o cineasta Jafar Panahi, proibido de deixar o país.

Sotoudeh especulou que a pena pode ter sido reduzida como parte de medidas para aliviar o cerco à liberdade política e moral no Irã.

Também foi solto o ex-vice-chanceler Mohsen Aminzadeh, detido em 2009 por apoiar protestos contra a reeleição supostamente fraudulenta de Ahmadinejad.

A lista dos libertados inclui ainda duas mulheres convertidas ao cristianismo, algo, em tese, passível de pena de morte no Irã.

No entanto, os mais conhecidos presos políticos iranianos, os reformistas Mir Hossein Mousavi e Mehdi Karoubi, continuam em prisão domiciliar desde 2011.

O regime, porém, abrandou as condições de detenção dos dois candidatos derrotados no pleito de 2009, que haviam insuflado megaprotestos anti-Ahmadinejad.

Gestos de abertura interna coincidem com acenos externos, que até agora vêm ecoando, ao menos no plano retórico, em boa parte do Ocidente.

O sinal mais eloquente desse possível apaziguamento é o ensaio de diálogo em curso entre Irã e EUA, rompidos há mais de três décadas e antagonistas em boa parte dos temas globais, incluindo a guerra síria.

Conversas diretas entre os arqui-inimigos poderiam acelerar uma solução para o dossiê nuclear iraniano, segundo diplomatas e analistas.

Teerã e Washington admitiram que os presidentes Rowhani e Barack Obama trocaram cartas.

Ontem, a Casa Branca disse que Obama escreveu para dar chance ao Irã de "provar que seu programa nuclear é para fins exclusivamente pacíficos".

Na terça-feira, Obama disse a uma TV americana que pretende "testar" Rowhani e insistiu em que ainda cogita lançar um ataque ao Irã.

Tanto Rowhani quanto Obama enfrentam resistência iraniana a uma eventual reaproximação. O iraniano, no entanto, recebeu anteontem a bênção do líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei.


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