Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Análise

Uso de poder de fogo destruidor embasa ação dos EUA, seja ataque ou só ameaça

A tecnologia explica uma constante: o pequeno número de baixas dos EUA ante as dos adversários

RICARDO BONALUME NETO DE SÃO PAULO

Atacar ou meramente ameaçar? A recente confrontação entre EUA e Síria deixa clara uma coisa: seja qual for a decisão, por trás dela está a ideia de usar um poder de fogo avassalador. Obliterar o inimigo ou ameaçar fazer isso, sem que haja a menor possibilidade de retaliação.

É o que mostra a história americana, especialmente das guerras "maiores" ou "menores" dos séculos 20 e 21.

Ironicamente, a guerra que mais matou americanos foi travada entre os próprios, a Guerra Civil (1861-1865): mais de 600 mil soldados mortos.

A guerra ensinou os militares do país a usar o poderio industrial. Em vez de lançar milhares de soldados de peito aberto na direção do inimigo, o ideal passou a ser lançar milhares de bombas.

A participação americana no maior conflito da história, a Segunda Guerra, começou em dezembro de 1941, mas desde 1939 havia um conflito latente --por exemplo, navios americanos foram afundados por submarinos nazistas.

O enorme potencial industrial dos EUA fez do país o "arsenal das democracias" aliadas e até da ditadura comunista da União Soviética. Os EUA investiam em quantidade e qualidade (com algumas exceções, como os tanques).

O poder de fogo foi essencial para repelir a invasão comunista da Coreia do Sul (1950-53). Exércitos então dependiam mais de "músculos" que de eletrônica; a Marinha e a Força Aérea, mais dependentes de tecnologia, foram fundamentais no conflito.

Outra guerra "quente" da Guerra Fria envolveu o desejo do norte comunista de tomar o sul capitalista. No Vietnã, após a derrota dos franceses em 1954, os EUA apoiaram o sul capitalista contra a guerrilha comunista e tropas do norte --com assessores e depois com tropas próprias.

A divisão da opinião pública americana e a impossibilidade de vitória decisiva numa longa e desgastante guerra de "contrainsurgência" levaram à retirada dos EUA em 1972; em 1975, o Vietnã do Norte tomou o do Sul.

Poder de fogo e tecnologia explicam uma constante: o pequeno número de baixas americanas comparadas às dos adversários ou da população civil do país em guerra.

Escaldados pelo Vietnã, os EUA passaram a evitar intervenções com grande número de tropas de terra. Exceção foi a guerra para tirar os iraquianos do Kuait (1990-91).

Depois dos ataques de terroristas islâmicos em 11 de setembro de 2001, os EUA passaram a ter menos restrições ao uso de tropas em terra. Após uma bem-sucedida intervenção no Afeganistão, seguiu-se uma longa ocupação do país por uma coalizão internacional, dando respaldo a um governo local fraco.

A renovada opção por ações em terra, na derrubada de regimes e na "construção de nações", levou à longa guerra no Iraque (2003-2011). Após muitos erros, o aumento de tropas em 2007, além de medidas para reforçar as forças iraquianas e ações sociais, permitiu a retirada dos EUA, embora a violência continue em partes do país.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página