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Sem ceder, Obama alerta Congresso e bancos sobre calote
Presidente dos EUA reúne-se com parlamentares, mas não chega a acordo para a aprovação do Orçamento
Obama diz ao mercado financeiro que governo pode não honrar seus compromissos se teto da dívida não for elevado
Em reuniões com líderes do Congresso americano e com os principais banqueiros de Wall Street, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que não vai negociar a redução de seu plano universal de saúde até o Congresso aprovar o Orçamento.
Sem a aprovação, o governo, oficialmente "fechado", mandou para casa mais de 800 mil funcionários públicos federais, em licenças não remuneradas, e fechou parques nacionais, monumentos, escritórios do governo e sites de agências federais.
Nos EUA, ao contrário do que ocorre no Brasil, o Executivo tem de paralisar a maioria de suas atividades no caso de não haver Orçamento aprovado.
Depois de criticar a intransigência do Congresso, Obama chamou ontem os líderes republicanos e democratas da Câmara e do Senado para dialogar na Casa Branca --o presidente é criticado por negociar pouco e pelas raras reuniões com congressistas. Após 90 minutos de conversa, nenhum resultado.
"Ele disse que não vai negociar", afirmou o presidente da Câmara, o republicano John Boehner.
No encontro com alguns dos principais nomes do mercado financeiro, como os presidentes do JP Morgan, Goldman Sachs e Bank of America, Obama reforçou o risco de um calote, caso o Congresso não autorize a elevação do teto do endividamento.
No próximo dia 17, o governo americano atinge o limite legal para continuar a tomar empréstimos para cumprir suas obrigações da dívida.
Sobre o encontro com os banqueiros, Obama disse em uma entrevista exclusiva à rede CNBC que "é importante para eles reconhecer que [o limite ao endividamento] terá um profundo impacto na nossa economia".
Se o Congresso não permitir a ampliação do teto do endividamento, o governo teria que declarar calote em algumas dívidas, com sérias implicações para a economia doméstica e a internacional.
Ontem, as principais Bolsas recuaram ante a indefinição americana, com queda de 2,17% em Tóquio e de 0,69% em Frankfurt.
Na mesma entrevista, Obama disse que não negociará com a "ala extremista" de um partido "até que uma peça legislativa reabra o governo e o Congresso permita o Departamento do Tesouro pagar pelas coisas que o próprio Congresso já aprovou".
Obama reprogramou parte de uma viagem pela Ásia, que faria a partir do sábado. Ele irá a duas cúpulas, em Bali e no Brunei, mas adiou visitas às Filipinas e à Malásia.
Tanto na aprovação do Orçamento, que permite a implantação do plano universal de saúde (o "Obamacare"), quanto na autorização para aumentar o endividamento, o presidente precisa da oposição republicana, que controla a Câmara (232 deputados, contra 200 democratas).
A oposição quer tirar fundos do plano de saúde para aprovar o Orçamento.