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Argentina e Uruguai descumprem Haia

Corte internacional ordenou gestão conjunta do rio Uruguai após polêmica de papeleira, mas países não se entendem

Comitê binacional foi criado para medir poluição de fábrica na fronteira, mas dados nunca foram divulgados

LÍGIA MESQUITA ENVIADA ESPECIAL A GUALEGUAYCHÚ (ARGENTINA) E FRAY BENTOS (URUGUAI)

A Corte Internacional de Justiça, em Haia, foi clara em sua sentença de abril de 2010: Argentina e Uruguai deveriam criar um sistema conjunto de monitoramento da contaminação gerada pela fábrica de celulose UPM (antiga Botnia), na cidade uruguaia de Fray Bentos, às margens do rio Uruguai, que divide os dois países.

A Argentina pedia que a papeleira finlandesa fosse removida do local porque estaria contaminando a água que chega ao outro lado da margem, na cidade de Gualeguaychú. Haia disse que não havia provas consistentes.

Seguindo as ordens da Corte, Argentina e Uruguai criaram um comitê científico, formado por dois técnicos de cada país. Sua função era acompanhar a uruguaia Dinama (Direção Nacional de Meio Ambiente) na coleta mensal de amostras de água da papeleira, que eram enviadas a um laboratório no Canadá.

De posse das análises, o comitê científico teria que, em consenso, enviar os informes à Caru (Comissão Administradora do Rio Uruguai) para que ela os divulgasse. Em 2 anos e 3 meses, houve 27 medições, mas nunca nenhum resultado foi publicado pela Caru por falta de acordo entre os técnicos do comitê.

"Os dados verdadeiros sobre a contaminação são os do comitê. Mas esse resultado nunca foi publicado e não sabemos o motivo", diz à Folha o prefeito de Fray Bentos, Omar Lafluf Hebeich.

No início da semana, o presidente uruguaio, José Mujica, autorizou o aumento da produção de celulose na UPM, mesmo sem o país vizinho concordar.

A Argentina decidiu levar a questão novamente para Haia e divulgou alguns resultados das análises da água do rio Uruguai.

O chanceler argentino, Héctor Timerman, disse que a temperatura da água do rio subiu e que há níveis "alarmantes" de fósforo e de outras substâncias tóxicas.

Mujica rebateu: "Utilizam números para dar uma ideia irreversível, que aterroriza, aproveitando que as pessoas não têm ideia [da realidade]."

"O Uruguai tem os relatórios assinados pelo Canadá. Esses apresentados por Timerman não sabemos de onde vieram, a Argentina não falou", diz o prefeito de Fray Bentos.

Para a secretária do Meio Ambiente de Gualeguaychú, Noela Indart, o que importa é que esses dados sejam divulgados, independentemente dos resultados. "O que todos os cidadãos de Gualeguaychú querem é saber a verdade, sendo dados que causem terror ou não."

POLUIÇÃO NA ARGENTINA

Mujica também acusou a Argentina de ocultar informes que mostram a poluição do rio Gualeguaychú, um afluente do Uruguai. "O que o chanceler [Timerman] não disse é que na água do rio Gualeguaychú se encontrou dez vezes mais endosulfan [um pesticida] do que deste lado", disse.

Ele se refere à contaminação que seria gerada pelo parque industrial de Gualeguaychú, que abriga 27 fábricas, entre elas uma da Unilever de sabão em pó.

"É um erro dizer que o parque industrial polui. Há uma planta de tratamento de água para todas as fábricas dali e monitoramos sistematicamente", afirma o prefeito de Gualeguaychú, o kirchnerista Juan José Bahillo.


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