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Opinião

Nobel há muito tempo é visto como uma honraria altamente politizada

MARINA HYDE DO "GUARDIAN"

É preciso amar o comitê do Nobel da Paz. Você é praticamente obrigado a fazê-lo --talvez seja uma lei internacional, algo assim.

Ontem, o comitê decidiu não conferir a honraria a uma das pessoas mais evidentemente inspiradoras e extraordinárias de nossa era, a estudante paquistanesa Malala Yousafzai, 16.

Em lugar disso, concedeu o prêmio à Opaq. Ainda assim, até os mais entusiásticos defensores de Malala reconhecem que a decisão representa um avanço, depois da ousada escolha da União Europeia no ano passado.

Nada tenho contra a admirável Opaq. Mas a despeito do trabalho imensamente valioso e de grande sucesso que conduz, ela está, bem, fazendo o seu trabalho.

O comitê do Nobel concedeu um prêmio a uma agência internacional por ela ser uma agência internacional, uma decisão que parece muito desprovida de inspiração.

É claro que foi uma escolha melhor do que recompensar alguém por algo que a pessoa talvez termine fazendo, como parece ter acontecido no caso do prêmio dado a Barack Obama em 2009.

O "líder do mundo livre" e a UE receberam aplausos por promover a paz e a democracia entre as nações. Mas promover a paz e a diplomacia entre as nações é exatamente o que deveriam estar fazendo. Desde quando merecem um prêmio por isso?

Podia ser pior, é claro. Em 1996, Carlos Belo e José Ramos Horta levaram o Nobel pelo que o comitê definiu como "seu trabalho para uma solução justa e pacífica do conflito em Timor Leste". O comitê bizarramente desperdiçou a oportunidade de acrescentar: "conflito, aliás, que resultou diretamente das ações de Henry Kissinger [ex-secretário de Estado dos EUA], o premiado em 1973".

Mas no Ocidente, o prêmio continua a receber veneração significativa, embora na prática seus efeitos sempre tenham sido tímidos.

Quanto a Malala, atacada a tiros no exercício das atividades normais na vida de uma menina, o sofrimento pessoal pelo qual passou e a maravilha em que o transformou talvez fossem dignos demais de um prêmio da paz.

O fato de ela não ter sido escolhida não é uma imensa surpresa. A honraria do Nobel é há muito vista como um gesto politizado.

Gandhi jamais recebeu o prêmio --apesar de ter sido indicado diversas vezes--, e isso representa um exemplo clássico de equívoco, se levarmos em conta que ele era o candidato perfeito.

Em algum ponto distante do futuro, o comitê do Nobel talvez encontre alguma maneira grotesca de fazer política e ao mesmo tempo homenagear Malala.


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