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Brasileiro que chefiou entidade festeja prêmio

DE LONDRES

Primeiro chefe da Opaq, José Maurício Bustani, atual embaixador do Brasil na França, diz que o Nobel mostra que a guerra do Iraque, em 2003, poderia ter sido evitada.

Bustani comandou a Opaq entre 1997 e 2002, quando foi destituído sob pressão dos EUA porque defendia a adesão do Iraque à organização.

Um ano depois, o Iraque foi invadido pelos EUA sob a acusação de esconder armas químicas, alegação não comprovada depois dos ataques.

Folha - Como o senhor analisa o Nobel da Paz para a Opaq?
José Maurício Bustani - Estou muito contente. Finalmente reconheceram a organização como eficaz. Ficou claro que o prêmio não é pelo trabalho que a organização está começando na Síria, que ainda não pode ser avaliado. É o reconhecimento do motivo pelo qual ela está sendo utilizada nesse processo de paz. É uma organização que, apesar de ter 15 anos de existência, se consolidou pelo trabalho sério, discreto e eficaz.

O comitê do Nobel frisou que EUA e Rússia ainda não destruíram todo seu arsenal químico. É um recado político?
Acho que sim. A ideia é apostar no multilateralismo, numa organização verdadeiramente internacional. É uma aposta numa convenção que é não discriminatória, que se aplica da mesma maneira a todos os países.

O senhor deixou a direção-geral em 2002 por causa de pressão dos EUA. O que esse Nobel significa para o senhor?
Criei um código de conduta, e os 211 inspetores daquela época tinham de respeitar. Os países tinham confiança em ser inspecionados. Esse tipo de cultura deu credibilidade. Se os americanos tivessem deixado o processo continuar, não teria havido necessidade de invadir o Iraque: veríamos no processo de inspeção que não havia armas.
Foi perda de oportunidade para os EUA não terem reconhecido o trabalho que a organização fazia --não tinham interesse em que a solução fosse feita por esse caminho. Paciência. Minha grande frustração é que não consegui impedir aquela inútil invasão.

Sente-se vitorioso agora?
Eu sinto que, pessoalmente, tenho uma certa responsabilidade na maneira pela qual criei uma determinada cultura que se manteve. E fico orgulhoso pela organização, pelo trabalho dos inspetores, que exige dedicação enorme.

Alma lavada?
Não é alma lavada, mas fico contente e acho que deve servir de exemplo, ser um paradigma para demais organizações internacionais. (LC)


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