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Enterro virou 'batata quente', diz advogado de líder nazista
Após protestos, caixão de Erich Priebke foi levado para aeroporto
Itália e Argentina se recusam a dar abrigo a cadáver de criminoso condenado pela morte de 335 civis em 1944
O corpo do ex-capitão nazista Erich Priebke, morto na sexta-feira, foi levado ontem a um aeroporto militar de Roma para seu eventual traslado para a Alemanha.
À noite, porém, a agência italiana de notícias Ansa informou que o caixão de Priebke havia sido trasladado a um local desconhecido.
"Nós fomos forçados a suspender o funeral, pois havia o risco de que se transformasse num encontro neonazista", declarou Giuseppe Pecoraro, um alto funcionário da administração de Roma.
Marcada para anteontem à noite, uma cerimônia religiosa que aconteceria a 25 km de Roma, organizada pelo movimento ultraconservador lefevriano, dissidência da Igreja Católica, foi cancelada.
"Não sou eu quem deve decidir sobre a cremação ou o local do enterro, mas estamos trabalhando para resolver a situação" disse Pecoraro.
Priebke morreu aos 100 anos, em sua residência de Roma, onde cumpria prisão domiciliar desde 1998. Ele foi condenado à detenção perpétua pelo massacre de 1944 nas Fossas Ardeatinas, onde 335 civis foram fuzilados.
Priebke provoca controvérsia mesmo após a morte, já que nem a Argentina, onde morou, nem a Itália, onde viveu por quase 15 anos, parece querer receber o corpo.
O advogado do nazista, Paolo Giachini, declarou que "o enterro de Priebke é uma batata quente que deve ser resolvida pela Itália".
"Esperamos resolver esta situação hoje [ontem]. Estamos em contato com a Alemanha", disse Pecoraro.
O pedido oficial para que o corpo seja enviado a Alemanha ainda deve ser apresentado pela família. Um porta-voz da Chancelaria alemã disse que a família deve decidir sobre o enterro.