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Análise crianças

Discurso político hostil a ciganos ganha força

Descoberta de menina loira em acampamento na Grécia piora ainda mais a situação da comunidade na Europa

DO "GUARDIAN"

Os 10 milhões a 12 milhões de ciganos que vivem na Europa constituem uma das maiores e mais carentes minorias do continente.

É comum que vivam em acampamentos, sem água ou eletricidade, e enfrentem expulsões rotineiras. Também são vítimas de violência, sofrem discriminação no emprego e veem seus filhos discriminados nas escolas.

Os grupos de defesa de seus direitos estão preocupados, agora, com os possíveis efeitos colaterais de uma caça às bruxas contra os ciganos que vem crescendo na Europa e ganhou mais intensidade com o frenesi causado pelo caso de "Maria", a menina loira encontrada com ciganos na Grécia.

Testes de DNA provaram que a garota não é parente do casal que a estava criando, e os dois foram detidos sob acusações de sequestro e de falsidade ideológica.

Dias depois, na Irlanda, duas crianças ciganas loiras foram tiradas de seus pais pela polícia, sob a alegação de que não se pareciam com eles. Após testes de DNA, foram devolvidas às famílias.

Também há medo de que o público decida tomar o assunto em suas mãos. Na Sérvia, na semana passada, houve relatos de uma invasão de skinheads a uma área cigana, de onde eles tentaram levar um menino de dois anos porque "ele não era tão moreno quanto os pais".

No começo do ano, a polícia foi chamada a Dortmund, Alemanha, depois de uma denúncia de que adultos de aparência cigana estavam levando crianças a um apartamento e saindo sem elas. Quando os policiais chegaram para investigar, descobriram uma festa de aniversário infantil no local.

Ativistas alertam que as autoridades dos países europeus vêm fomentando há anos violações dos direitos dos ciganos.

As crianças ciganas têm probabilidade estatística muito maior do que outras etnias de serem colocadas sob a guarda do Estado ou de se verem forçadas a estudar em classes segregadas.

Embora a pobreza não seja um critério oficialmente aceitável para tirar uma criança dos pais, no caso dos ciganos as autoridades culpam as famílias por não conseguirem melhorar suas condições sociais e de vida e levam crianças em função da pobreza de seus pais.

A educação em escolas para alunos especiais de crianças ciganas que não têm necessidades educacionais especiais ou quaisquer deficiências mentais continua a ser prática comum em países como a República Tcheca.

Gabriela Hrabanova, ex-diretora do escritório do governo tcheco para as questões ciganas e hoje coordenadora política de uma rede de defesa dos direitos dos ciganos sediada em Bruxelas, alerta que as especulações quanto ao caso grego podem alimentar a retórica de grupos de extrema direita no período de campanha para as eleições do Parlamento Europeu.

A despeito de medidas da Comissão Europeia e do Conselho da Europa para combater a discriminação contra os ciganos, o discurso político hostil aos ciganos, no passado reservado à extrema direita, passou a ser adotado por grupos mais convencionais. (ANGELIQUE CHRISAFIS, HELENA SMITH, PHILIP OLTERMANN E LIZZY DAVIES)


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