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Análise negociação

Novo cenário no Oriente Médio favorece o Irã

Processo de reaproximação com os EUA muda prioridades do regime na região, com sauditas como maiores rivais

MÁRIO CHIMANOVITCH ESPECIAL PARA A FOLHA

Na medida em que se desenvolve o processo de reaproximação entre o Irã e os EUA, um novo quadro estratégico começa a emergir no Oriente Médio.

Tanto Washington quanto Teerã efetuam movimentos cautelosos, estudados como se o cenário em que atuam fosse um tabuleiro de xadrez.

A destruição do regime de Saddam Hussein, inimigo mortal, acabou provocando uma mudança dramática na situação do Irã.

Um Iraque neutralizado e frágil, como se encontra hoje, garante a segurança nacional dos iranianos.

A invasão americana ao país acabou provocando um vácuo até hoje não preenchido. O ex-presidente iraniano Ahmadinejad manobrou inteligentemente ao dar apoio antecipado às milícias xiitas iraquianas pró-Irã.

Em suma, enquanto os militares americanos combatiam as forças sunitas rebeldes, os xiitas habilmente ocupavam espaços politicamente estratégicos.

Com o Iraque neutralizado e os EUA decididos a retirar suas tropas da região, Teerã terá obtido --mesmo tendo perdido a guerra para o Iraque em 1988-- uma grande vitória estratégica.

A partir daí, a Arábia Saudita passa a se constituir no seu maior desafio. Se um dia estiver reconciliado com os EUA, o Irã disputará o poder hegemônico que os sauditas vêm exercendo há décadas não só no golfo Pérsico, mas em todo o mundo árabe.

Aliado à Síria, que mantém por sua vez uma substancial força militar pró-iraniana no Líbano, o Hizbullah, o Irã expande sua influência mudando completamente o equilíbrio de poder regional.

Se Bashar al-Assad não pode ainda consolidar o seu poder sobre toda a Síria, os que lutam contra seu regime, apoiados pelos sauditas, não podem contudo derrotá-lo.

Apoiando e influenciando os alauitas, segmento islâmico ao qual a família Assad pertence, o Irã necessita no entanto que o impasse sírio não dure por muito mais tempo. Isso poderia jogar por terra outra de suas estratégicas pretensões de manter uma esfera de influência que se estenda até o Mediterrâneo.

Desse modo, o Irã poderá conseguir da administração Obama a promessa de reduzir substancialmente o apoio político-militar que Washington vem consagrando aos rebeldes sunitas, ligados à Al Qaeda e apoiados justamente pela Arábia Saudita.


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