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Marcos Troyjo

China: a grande vitoriosa da OMC

Medidas de facilitação do comércio acordadas em Bali irão favorecer as grandes nações comerciantes

O principal tema acordado na reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Bali foi a chamada "facilitação de comércio" (uniformização e otimização de processos aduaneiros).

O trabalho dos economistas Gary Hufbauer e Jeffrey Schott, "Payoff from the World Trade Agenda 2013", serviu como pedra de toque no convencimento da opinião pública sobre os benefícios do acordo.

Segundo o estudo, medidas aprovadas em Bali impactam positivamente o PIB mundial em mais de US$ 1 trilhão ao ano.

Do valor, US$ 460 bilhões repercutirão para os ricos e US$ 570 bilhões para países em desenvolvimento. Dos novos empregos, 3 milhões para desenvolvidos e 18 milhões para o resto do mundo.

Responda, então, o seguinte teste. Quem saiu de Bali como grande vencedor?

A) EUA e Europa.

B) Países menos desenvolvidos.

C) Brasil.

D) A própria OMC.

E) Nenhuma das alternativas.

Se você respondeu "A", saiba que EUA e Europa privilegiam negociações plurilaterais, não a OMC. Costuram entre si a Aliança Transatlântica, que integrará as duas regiões com maior PIB do mundo.

Se "B", note que o principal entrave a países com renda per capita anual inferior a US$ 1 mil não é o comércio. Em "O Fim da Pobreza", Jeffrey Sachs demonstra que os obstáculos são desequilíbrios ambientais e climáticos, doenças e a extrema pobreza em si. A ajuda internacional incrementa mais a acumulação de capital e a renda familiar do que a facilitação alfandegária. Dos supostos 21 milhões de novos empregos, apenas 1 milhão vai para a África Subsaariana, onde está o maior número de nações pobres.

Se "C", o ganho é ver um brasileiro tirar a OMC do imobilismo. Pergunte a um exportador o que mais lhe ajuda a fazer negócios. Ele lhe dirá que melhores condições tributárias, trabalhistas, logísticas, cambiais, de financiamento e promoção de exportações precedem, em importância, medidas aprovadas em Bali. Além disso, o acordo vale para todos. Não há benefício específico para o Brasil.

Se "D", é claro que a OMC ganha sobrevida, mas sua efetividade é comprometida pela lentidão. Decisões por consenso fazem a organização mover-se com freio de mão puxado. O "pacote de Bali" representa apenas 10% do estipulado há 12 anos em Doha. Nessa velocidade, os 90 % restantes consumiriam 108 anos. Àquela altura, a OMC será um fóssil, e o comércio, regido por organização interplanetária.

Se "E", você acertou. Medidas de facilitação de trânsito beneficiam mais quem anda de carro todo dia. Da mesma forma, aquelas que impulsionam o comércio favorecem as grandes nações comerciantes. Dos novos empregos gerados por Bali, 60% irão para o Sudeste Asiático, justamente por ser a região mais dinâmica do comércio internacional.

E qual país é o maior exportador global e detém mais de 30% do PIB e das exportações do mundo em desenvolvimento? Resposta: a China. Ela é a grande --e silenciosa-- vencedora da OMC.

mt2792@columbia.edu


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