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Última aparição de Biggs foi em funeral de amigo

BERNARDO MELLO FRANCO DO RIO

Parecia um filme de gângster. Homens mal-encarados, de terno preto, conversavam sobre trambiques do passado. Um carro parou na entrada do cemitério. Alguém abriu a porta e acomodou o "capo" em uma cadeira de rodas. A cerimônia fúnebre podia enfim começar.

De óculos escuros, chapéu de mafioso e suspensórios com estampa de caveira, Ronnie Biggs foi empurrado para dentro do cemitério londrino de Highgate. Todos o esperavam para enterrar as cinzas de seu amigo Bruce Reynolds.

Os dois foram os protagonistas mais célebres do assalto ao trem pagador.

O funeral aconteceu no último 8 de agosto, dia em que o roubo completava 50 anos. A fuga durou três décadas, até que Biggs voltou ao país para se tratar no serviço de saúde da rainha. Os britânicos médios nunca o perdoaram, mas ele continuava a ser tratado como ídolo por rebeldes de várias gerações.

Quebrado e doente, o veterano larápio também comemorava seu último aniversário, de 84 anos. Com a saúde debilitada por vários AVCs, não conseguia mais falar, mas se comunicava apontando letras em uma cartela.

A irreverência continuava a mesma, e a tarde acabou num pub decorado com cartazes de "procura-se".

Quando Biggs já aparentava cansaço, um amigo se aproximou com um maço de notas de dez xelins, iguais às que ele ajudou a roubar do trem. Sem hesitar, ele estendeu o braço direito e fingiu afanar as cédulas. Todos riram da cena. Era a última performance do velho ladrão.


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