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Imprensa cercada

Liberdade de imprensa na América Latina é ameaçada por governos e pela violência do crime organizado

SYLVIA COLOMBO DE SÃO PAULO

Apesar da estabilidade democrática, atingida pela maioria dos países (exceto Cuba) há ao menos 20 anos, a imprensa latino-americana segue ameaçada na região. Seus principais algozes são, por vezes, os próprios governos nacionais; por outros, a violência ligada ao crime organizado.

Relatório divulgado na semana passada pela organização Repórteres sem Fronteiras ressaltou os cinco jornalistas mortos em 2013 no Brasil, fazendo com que o país se transformasse no "mais mortal do hemisfério ocidental" para a atuação da imprensa.

A morte do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, soma-se a essa trágica estatística.

A violência é o principal problema no México, onde 45 jornalistas foram assassinados desde 2006, quando o governo iniciou uma ofensiva contra o narcotráfico. Sequestros e bombas em jornais, principalmente no norte do país, são comuns. A ONG Artículo 19, que compila esses dados e presta apoio a vítimas, recebe constantemente ameaças de ataques.

Apesar de ter melhorado seus índices desde o início do desmantelamento dos cartéis da droga, nos anos 1990, a Colômbia ainda é um país violento para o jornalismo, contabilizando quatro mortos desde 2010.

A ofensiva por meio de leis restritivas de controle à mídia e de estratégias de sufocamento econômico tem sido comum em alguns governos latino-americanos.

No Equador, o chargista Bonil é a mais nova vítima do assédio iniciado por Rafael Correa desde o princípio de sua gestão.

Bonil teve de retificar uma charge em que descrevia a busca realizada pela polícia na casa do jornalista Fernando Villavicencio, hoje autoexilado nos EUA. "O governo transformou a comunicação em bem público, e com isso se vê com liberdade para controlar tudo", disse Bonil à Folha.

Correa, que já havia expropriado TVs e rádios, multado veículos e obrigado profissionais a buscar asilo político no exterior, logrou aprovar uma Lei de Comunicação (em vigor desde janeiro) que controla e regula a imprensa.

Na Venezuela, 11 jornais diários deixaram de circular e 21 ameaçam fazer o mesmo devido à falta de dólares para comprar insumos (papel e tinta). "Só temos papel até abril", diz Miguel Otero, diretor do "El Nacional", um dos principais do país.

A obtenção de dólares é regulada pelo governo, e os jornais acusam Nicolás Maduro de deliberadamente não liberar o recurso, dando continuidade à política de perseguição à imprensa iniciada por Hugo Chávez (1954-2013).

"Os jornais venezuelanos estão todos sob risco de desaparição", diz à Folha o diretor da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), Cláudio Paolillo.

Na Argentina, a gestão Cristina Kirchner leva às últimas consequências a aplicação da Lei de Mídia (aprovada pelo Congresso em 2009) e obriga o conglomerado "Clarín" a abrir mão de veículos. Além disso, promove um acordo verbal entre empresários para que não anunciem nos jornais opositores e faz uso discriminado da verba de propaganda oficial.

"O sufocamento econômico é a arma dos governos venezuelano, equatoriano e argentino, e é muito eficiente. É uma última ofensiva. Depois disso, esses governos partirão para cima da internet", diz Paolillo.

Os governos dos três países argumentam que as leis regulatórias beneficiam a democratização dos meios de comunicação.


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