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Venezuelano pode pegar até dez anos de cadeia
Líder opositor Leopoldo López ficará preso preventivamente por 45 dias
Promotoria vai avaliar acusações de incitação à violência em atos; brasileira é presa por cartaz de protesto
O líder opositor venezuelano Leopoldo López, do partido conservador Vontade Popular, permanecerá por ao menos 45 dias na prisão militar de Ramo Verde, na cidade de Los Teques, próxima à capital, Caracas. Além disso, pode ser condenado a até dez anos de cadeia.
Nesse período de um mês e meio, o Ministério Público investigará se procedem ou não as acusações de haver incitado a violência durante os protestos em Caracas, nas últimas semanas.
A decisão foi tomada pela juíza Ralenis Tovar Guillén, após audiência realizada perto da prisão, em um ônibus que funciona como tribunal itinerante. A juíza havia decidido realizar a sessão em Ramo Verde após alegar não se sentir segura no Palácio da Justiça, em Caracas, devido aos enfrentamentos entre estudantes e grupos de "coletivos" (milícias civis armadas que apoiam o governo).
López responderá pelos delitos de incêndio e danos, por instigar a delinquir e por associação para delinquir. O Ministério Público descartou investigá-lo por assassinato e terrorismo, como havia pedido previamente o presidente Nicolás Maduro.
López entregou-se à Justiça na última terça-feira, após ato contra o governo. O líder opositor transformou-se na principal referência dos atos anti-Maduro que ocorrem na Venezuela há duas semanas. Nos protestos, houve confronto entre polícia, apoiada por "coletivos", e manifestantes. Ao todo, já morreram cinco pessoas.
As manifestações começaram há duas semanas no Estado de Táchira, quando estudantes foram às ruas pedir mais segurança.
Muitos foram presos, o que acirrou os ânimos em outras cidades do país, principalmente em Caracas.
Nos dias que se seguiram, estudantes e antichavistas em geral passaram a ir às ruas, vestidos de branco e com bandeiras da Venezuela, protestando contra a violência e a crescente inflação.
O governo afirma que o movimento é uma armação de "forças de ultradireita da Venezuela e de Miami". Ontem, o alvo foi a rede de TV CNN. Maduro disse que, se a emissora não "retificar" sua programação, abrirá um processo para expulsá-la do país.
BRASILEIRA PRESA
O Itamaraty confirmou ontem que a brasileira Emiliane Coimbra, 21, foi detida na terça-feira na cidade de Puerto Ayacucho, no Estado de Amazonas (600 km de Caracas), por segurar cartazes com frases contra o governo.
Segundo a Agência Brasil, ela compareceu a uma audiência e depois foi liberada, mas não pode deixar a cidade enquanto não sair sua sentença. Ainda de acordo com a agência, o vice-cônsul em Puerto Ayacucho, Antônio Bezerra, disse que há risco de Emiliane voltar à prisão.