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Análise

Mérito do avanço nas negociações cabe à diplomacia europeia

SIMON TISDALL DO "GUARDIAN"

Se o acordo de paz entre o governo e a oposição da Ucrânia se firmar, o crédito caberá aos negociadores europeus, e não à Rússia e aos Estados Unidos, os dois grandes rivais da Guerra Fria cujos interesses tanto fizeram para tornar o país um campo de batalha.

A despeito da presença de um "enviado de direitos humanos" russo, foram os ministros do Exterior de França, Alemanha e Polônia que lideraram os esforços para conter a violência no país.

Quando Putin persuadiu Yanukovich, em novembro, a rejeitar uma associação mais estreita com a União Europeia em troca de um subsídio de US$ 15 bilhões pago pelo Kremlin, ele imaginou estar desferindo um golpe astuto contra um avanço da influência estrangeira no "exterior próximo" da Rússia.

Mas exagerou na jogada. Quando muita gente na Ucrânia rejeitou a decisão, o Kremlin fez pressão sobre Yanukovich para que reprimisse os manifestantes, se necessário com o uso da força.

Esta semana, a Rússia ameaçou suspender a assistência financeira se Yanukovich agisse como "capacho" durante o que o chanceler russo, Sergei Lavrov, descreveu como uma tentativa de golpe apoiada pelo Ocidente.

As táticas russas são parte do habitual jogo de soma zero que Putin adota nas relações internacionais. Na Ucrânia, sua inflexibilidade --produzida por uma mentalidade de Guerra Fria-- chegou perto de causar uma desastrosa queda à guerra civil.

Uma explicação para a atitude de Putin é a de que ele é simplesmente autoritário. Outros veem suas ações como parte de uma tentativa mais ampla de se posicionar como líder das forças mundiais do conservadorismo e porta-voz dos valores "tradicionais".

Putin também pode ter a motivação de impedir que as causas subjacentes da inquietação na Ucrânia --desgoverno crônico e corrupção endêmica-- se tornem justificativa para a derrubada do governo. Caso um precedente como esse fosse estabelecido, os russos teriam muito a temer.

O governo Obama tampouco fez um belo papel na crise. Esta semana, o americano se queixou de que o líder russo estava tratando a Ucrânia como parte do "tabuleiro de xadrez da Guerra Fria".

Mas é exatamente assim que Washington também continua a ver a Ucrânia, e é por isso que suas intervenções, como as de Moscou, foram tão pouco benéficas.


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