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Repressão foi 'crime', afirma embaixador

Representante ucraniano na ONU considera um erro governo ter usado lei antiterror contra manifestantes nas ruas

Segundo diplomata Yuriy Sergeyev, porém, opositores não podem trazer a ameaça de mais violência ao país

ISABEL FLECK DE NOVA YORK

Membros do governo ucraniano terão que responder pelos crimes cometidos nos últimos dias, durante os confrontos que deixaram 77 mortos no país.

Quem afirma é alguém do próprio governo, o embaixador da Ucrânia na ONU, Yuriy Sergeyev. "Foi um crime dos que usaram a força", disse o diplomata, que foi vice-chanceler do presidente Viktor Yanukovich, à Folha, em Nova York.

Para ele, é preciso que haja uma investigação completa, para explicar por que a lei antiterrorismo ""que permitiu o uso da força"" foi aplicada e de onde partiram os tiros que mataram manifestantes pacíficos.

Folha - Como o senhor explica a repressão violenta do governo aos protestos?

Yuriy Sergeyev - Os militares usaram a força por meio da lei antiterrorista porque consideraram que as pessoas que estavam nas ruas eram terroristas. Só que a mesma lei os proíbe uso de força contra manifestantes que estejam defendendo os direitos humanos. Então é uma questão de interpretação. O governo interpretou os manifestantes como extremistas.

A decisão do Parlamento já é diferente: ela avalia que eles não eram extremistas, mas manifestantes pacíficos protestando por direitos humanos. E que havia um grupo de pessoas no meio incitando a violência.

Então houve um erro de interpretação?

Não foi um erro, foi um crime. Foi um crime dos que usaram a força. Havia atiradores não identificados, e rumores dizem que eles poderiam ser das forças do governo, da polícia ou do serviço secreto, bem como estrangeiros ou baderneiros. Pessoas morreram dos dois lados, então é preciso investigar. Mas as principais críticas, é claro, recaem sobre o governo. Em qualquer lugar, proteger a população é a primeira responsabilidade de um governo, e isso não aconteceu.

Membros do governo devem responder por esses crimes?

Não só. Tem que haver uma investigação. Mas dentro do governo, com certeza [terão que responder], já que é preciso explicar por que a lei antiterrorismo foi aplicada.

A decisão de acionar a lei antiterror não é, em última instância, do presidente?

Diretamente, não. Ela pode ser tomada pelo ministro do Interior e o ministro do Serviço Secreto, sem qualquer consulta [ao presidente].

O acordo alcançado entre o governo e oposição pode, de fato, pôr um fim à violência?

Depois que o acordo foi atingido, todo o processo avançou. O Parlamento retomou a Constituição de 2004 ""que limita os poderes do presidente.

Eles também adotaram uma lei por meio da qual a ex-premiê [Yulia] Tymoshenko pode ser libertada, e retiraram o ministro do Interior. O caminho para a estabilidade está aberto.

Só que os manifestantes seguem pedindo a renúncia do presidente.

Algumas pessoas que estão nas ruas vão continuar fazendo exigências, mas elas também devem ser responsabilizadas, porque isso pode criar novos confrontos. Com o Parlamento no poder, há uma possibilidade de se fazer mais e de forma mais pacífica. Os manifestantes podem pedir o que eles quiserem, mas não podem trazer a ameaça de mais violência.

Mas o presidente conseguirá seguir no posto sem apoio?

Ele foi legalmente eleito e cabe a ele decidir se renuncia ou não --ou ao Parlamento pedir o seu impeachment.


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