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Análise

Atos mataram janela de negociação que se esboçava

NA MELHOR DAS HIPÓTESES, A POLARIZAÇÃO GERA UM IMPASSE NO GOVERNO; NA PIOR, UMA GUERRA CIVIL NO PAÍS

JENNIFER MCCOY ESPECIAL PARA A FOLHA

Há 12 anos, a Venezuela estava tão dividida que o governo e a oposição recorreram a mediadores internacionais.

Hoje, na esteira de mais de um mês de protestos estudantis e confrontos violentos nas ruas, muitos perderam a esperança na capacidade de seus líderes políticos para superar as divisões que existem no país.

É um exemplo clássico de polarização: grandes grupos incapazes de discutir questões comuns com civilidade, negociar e resolver problemas, ou mesmo conceber a possibilidade de coexistirem no mesmo espaço.

Na melhor das hipóteses, a polarização gera um impasse no governo; na pior, uma guerra civil.

Será que a Venezuela pode recuar da beira do abismo? Lições recentes, de diversos lugares do planeta, podem ajudar.

A polarização da Venezuela é muitas vezes vista como tendo surgido por causa da estratégia de confronto adotada pelo presidente Hugo Chávez a fim de redistribuir o poder e os recursos do país.

Mas na realidade o problema surgiu nos anos 80, quando as receitas petroleiras que alimentavam a expansão da classe média começaram a escassear, e as elites políticas fracassaram em sua resposta às mudanças sociais.

A pobreza mais que dobrou nos anos 90. A população irada pôs fim a 40 anos de democracia bipartidária e conduziu ao poder o carismático Chávez, morto em 2013.

A partida de Chávez removeu a âncora política do país.

Uma eleição especial definida por pequeníssima margem de votos, em abril de 2013, expôs claramente as divisões na população.

O novo governo Maduro enfrentou dificuldades para consolidar-se, enquanto a oposição não conseguia definir uma estratégia para expandir sua base eleitoral.

Em meio a debates dentro do governo sobre estratégia econômica, e nas fileiras oposicionistas sobre a estratégia política, abriu-se uma porta para diálogo e cooperação embrionários, com o objetivo de combater o sério problema do crime no país.

Por um momento, pareceu que a polarização venezuelana poderia diminuir.

Essa abertura agora foi desperdiçada. A "estratégia de rua" terminou por sobrepujar a estratégia de prazo mais longo de outra ala oposicionista, que defendia acumular apoio entre os chavistas insatisfeitos da classe pobre e trabalhadora.

O governo reagiu com força exagerada, criminalizando os manifestantes e culpando a oposição "fascista" e forças externas.

É improvável que eleições resolvam as tensões --e não há pleito algum marcado para antes do final de 2015. Assim, será que a polarização conduzirá forçosamente a mais violência?


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