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'Herói' e 'traidor', militar vira aposta para reorganizar o Egito

Abdel Fattah al-Sisi é o mais cotado para vencer eleição, em maio

DIOGO BERCITO DE JERUSALÉM

Desestabilizado pelas disputas políticas dos anos recentes, que também arruinaram sua economia, o Egito tem se apoiado no nome de Abdel Fattah al-Sisi quando olha para o futuro.

Visto como um dos mentores do golpe que depôs o islamita Mohammed Mursi em 2013, Sisi renunciou em março ao cargo de líder militar para disputar a Presidência.

Ele é a aposta para reorganizar o país com mão firme. E, sem adversários de peso, é o favorito para vencer o pleito previsto para o fim de maio. Se eleito, restará ver o limite de sua força, em um país com histórico negativo de governos militares.

Aos 59 anos, Sisi está entre os mais jovens da alta cúpula militar. Ele fez carreira não em combate, mas nas fileiras da Inteligência, onde se diz que se aproximou da Arábia Saudita e dos EUA.

Foi nomeado líder militar pelo governo de Mursi num aparente equívoco político da Irmandade Muçulmana, a partir da suposição de que seria, assim, mais fácil manobrar as Forças Armadas.

A administração islamita provou-se problemática durante seu ano de mandato, motivando manifestações populares em junho de 2013. Sisi impôs um ultimato a Mursi para que ele satisfizesse a população. Em 3 de julho, derrubou o presidente.

Apesar de terem deposto um outro líder militar, Hosni Mubarak, na Primavera Árabe de 2011, os manifestantes receberam Sisi como herói.

Cartazes nas ruas o comparam a Gamal Abdel Nasser (1954-1970), que governou o Egito a partir da ideologia de unificar os países árabes.

Sisi costuma ser retratado pelo seu lado terno, com uma presença carismática, em discursos emocionados. Mas o líder militar está também envolvido, nos últimos meses, na violenta política de repressão a seguidores da Irmandade Muçulmana, declarada um "grupo terrorista".

Islamitas foram perseguidos e presos, além de condenados à morte.

Centenas deles não passaram por um julgamento, tendo sido mortos em massacres como o da mesquita de Rabia al-Adawiya.

A deposição de Mursi levou ainda a uma onda de violência, com atentados terroristas na região do deserto do Sinai e com a destruição de igrejas pelo interior egípcio.

Se é "herói" entre os que apoiaram o seu golpe, Sisi é também "traidor" nos pôsteres carregados em manifestações de islamitas.

Seus detratores entre a população secular temem um possível retorno do aparato autoritário que marcou a ditadura de Mubarak.

O Exército ainda é a instituição mais poderosa no Egito, com tentáculos por todos os setores da sociedade, especialmente na economia.

Tão poderosa que, ao que parece, um de seus filhos pode levá-la de volta ao poder via eleições, após uma breve experiência civil.


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