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EUA rejeitam recurso por sigilo de fonte
Suprema Corte nega pedido de repórter do 'New York Times' para não depor em processo contra ex-agente da CIA
Espião é apontado como possível informante do jornalista James Risen para um livro sobre ação da agência na era Bush
A Suprema Corte dos EUA rejeitou nesta segunda-feira (2) o recurso apresentado pelo repórter do "New York Times" James Risen para não ser obrigado a testemunhar no julgamento de uma possível fonte, o ex-agente da CIA (inteligência americana) Jeffrey Sterling.
O argumento de Risen é que ele tem o direito de proteger a identidade de seu informante, mesmo tendo sido convocado a depor. Por sua vez, o governo diz que "repórteres não têm o privilégio de se recusar a oferecer evidência direta de delito cometido por fonte confidencial". A Corte não detalhou a decisão.
A suspeita é que Sterling tenha vazado a Risen dados sigilosos sobre os esforços da CIA em desmantelar o programa nuclear iraniano. Ele está sendo julgado especificamente pelo vazamento, sob a Lei de Espionagem.
As informações foram publicadas no livro "State of War: The Secret History of the CIA and the Bush Administration" (Estado da Guerra: A História Secreta da CIA e do governo Bush, em tradução livre), de 2006.
As principais organizações de mídia dos EUA, como o "New York Times" e o "Washington Post" e as emissoras ABC e Fox News, chegaram a fazer um abaixo-assinado, pedindo ao tribunal que rejeitasse a argumentação do Departamento de Justiça de que a proteção de fontes não se justifica em processos criminais.
Apesar de Risen correr risco de ser preso caso se negue a testemunhar, o secretário de Justiça, Eric Holder, disse na semana passada que isso seria pouco provável.
"Enquanto eu for secretário, nenhum repórter vai para a cadeia por fazer seu trabalho", afirmou Holder.
Anteriormente, uma corte distrital determinara que o testemunho de Risen não era necessário. Um tribunal de apelações da Virgínia, no entanto, contrariou a decisão.
Nesta segunda, essa mesma corte ordenou que o jornalista cumprisse a intimação. Risen declarou que seguirá se recusando: "Vou continuar a lutar".
Segundo o advogado de Risen, Joel Kurtzberg, "a bola agora está com o governo".
Para Dean Baquet, novo editor-executivo do "NYT", o "fracasso" da Suprema Corte em proteger o direito do jornalista de garantir o sigilo de sua fonte é "profundamente preocupante". "Jornalistas como Jim dependem de fontes confidenciais para obter informações de que o público precisa saber", afirmou.