Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Julia Sweig

Políticas ambientais

Medidas de Obama para conter mudanças climáticas podem se tornar históricas; Brasil precisa avançar mais

Embora não esteja muito na moda elogiar o presidente Obama, nesta semana ele recebe meu agradecimento por lançar o que pode entrar para a história como um dos mais importantes passos adotados até hoje por uma grande economia em nome da mitigação da mudança climática.

Detalhes importam, e já falarei deles. Mas por que tanta gratidão? Primeiro, ele mostrou liderança em assegurar a saúde do ambiente no planeta, a longo prazo.

A curto prazo, e de forma mais egoísta, graças a Obama, não tenho de escrever outro lamento sobre como a Copa vai mostrar ao mundo "por que o Brasil é tão bagunçado" ou oferecer uma visão "estratégica" da reunião entre o vice-presidente Biden e Dilma, na semana que vem.

A proposta de Obama cortaria as emissões de gás carbônico pelo setor energético em todo o país em 30% menos do que os níveis de 2005 --níveis que eram, note-se, 10% mais altos do que os de 2012.

Nos EUA, a poluição por gás carbônico corresponde a quase 40% das emissões de gases estufa.

Usinas de carvão, principalmente na era do gás natural, já tiveram dias melhores. Levará ao menos um ano para que as novas regras entrem em vigor. Haverá litígios de Estados dependentes de combustíveis fósseis e muito blá-blá-blá sobre como Obama está acabando com os empregos dos americanos.

Mas meu palpite é o de que incentivos morais e econômicos à transição rumo a uma economia de baixo carbono abafará essas vozes.

Outra grande economia, o Brasil, é o quinto maior emissor do mundo de gases estufa, não por causa de usinas de carvão, mas, em larga medida, por causa da agricultura. Emissões da agricultura cresceram 20% entre 2005 e 2010, o que dá mais de um terço do total do país.

E, apesar de o Brasil ter reduzido emissões relacionadas ao desmatamento em mais de 70% entre 2005 e 2010, a persistência do desmatamento e as mudanças no uso da terra ainda respondem por dois terços das emissões brasileiras.

De acordo com o Instituto de Recursos Mundiais --que viabiliza parcerias muito inovadoras com a Embrapa e a Unicamp--, se deixadas sem fiscalização, as emissões relacionadas à agricultura estão destinadas a crescer 23% até 2030.

Sob seu programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono), o Brasil planeja reduzir emissões em até 39% até 2020. Porém, o programa recebe poucos fundos e está demorando para entrar em prática.

Uma nova iniciativa, Protocolo de Gases Estufa (bit.ly/1pA033S), pode ajudar ao fornecer ao agronegócio um meio de padronizar, medir e relatar o impacto das emissões de gases estufa sobre o setor.

Ciclos eleitorais e outras diferenças tornam imperfeita a comparação entre as estratégias americana e brasileira. Mas concordo com Todd Stern, negociador-chefe dos EUA para o clima, que me disse que a iniciativa de Obama dá "boas notícias às negociações do clima", que dependem "principalmente das grandes economias" para ser eficaz.

Talvez quando Biden se reunir com Dilma, após o jogo entre EUA e Gana, eles tenham, afinal, uma agenda estratégica para debater.

@JuliaSweig


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página