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China cerca praça nos 25 anos de massacre

Em Pequim, segurança é reforçada no local onde Exército atacou manifestantes; fato é escondido pelo governo

Repressão a protestos pró-democracia, que deixou centenas de mortos, foi lembrada apenas em Hong Kong

MARCELO NINIO DE PEQUIM

Espremidas em uma fila longa e demorada, duas turistas chinesas se perguntavam qual seria o motivo da segurança ultrarreforçada para entrar na praça da Paz Celestial, no coração de Pequim, nesta quarta (4).

Tentando ajudar, um chinês de trajes simples que está um passo à frente arrisca um palpite: "Deve ser alguma data comemorativa do Mao Tsé-tung". Não era.

A data era o aniversário de 25 anos do massacre de estudantes na praça, um dos eventos mais dramáticos da história da China e, ao mesmo, tempo ignorado por muitos, como os turistas da fila.

Mesmo em plena era das redes sociais e da comunicação instantânea, o governo chinês conseguiu manter boa parte da maior população do planeta alheia ao fato. A ação contra os manifestantes terminou com centenas, talvez milhares de mortos. O número nunca foi revelado.

Em Hong Kong, território que pertence à China mas mantém certa autonomia política, um público recorde de 180 mil pessoas, segundo os organizadores, participou de uma vigília com velas acesas para lembrar o massacre.

"Vamos mostrar nosso mar de luzes a Xi Jinping [líder chinês]. Lutemos até o fim!", conclamou Lee Cheuk-yan, presidente da Aliança de Apoio a Movimentos Democráticos na China.

Na China, o silêncio foi mantido à força. Correspondentes estrangeiros com longa experiência no país contam que jamais o governo se esforçou tanto como neste ano para evitar que o aniversário fosse lembrado.

Mais de 60 ativistas foram presos nas últimas semanas. O controle à internet aumentou. Só uns poucos parentes de vítimas do massacre foram autorizados a visitar os túmulos, e mesmo assim sob forte vigilância.

"Isso mostra que as autoridades ainda não têm coragem de encarar os erros que cometeram há 25 anos", disse Zhang Xianlin, uma das fundadoras do grupo "Mães de Tiananmen".

Em 1989, a praça da Paz Celestial (Tiananmen, em mandarim) ainda era aberta, sem as cercas que hoje a contornam, muito menos as barreiras de segurança com raio-x.

Nesta quarta, o controle foi redobrado. A triagem era feita um a um, com cuidadosa revista, checagem de documentos e um pequeno interrogatório sobre a razão de cada pessoa estar ali.

Blindados da polícia e do Exército foram posicionados nas proximidades e jipes ocupados por soldados armados com fuzis davam voltas em patrulha constante.

Centro do poder e símbolo do Estado chinês, a praça é um destino imensamente popular entre chineses de todo o país.

A receita do governo para manter o público longe do massacre inclui repressão, censura e ênfase no crescimento econômico, que tirou 500 milhões de pessoas da pobreza desde 1978.


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