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Negra e de origem etíope, cantora vira sensação após vencer concurso em Israel

DIEGO ZERBATO DE SÃO PAULO

A cantora israelense Hagit Yaso, 24, despontou no cenário musical após vencer a versão local de "American Idol", em 2011. A conquista foi precedida por infância e adolescência musicais, sob a influência de seu pai.

Sua história é similar a de outros artistas, mas provocou uma reviravolta em Israel. Hagit é negra de origem etíope, grupo que representa 1,8% dos 7,8 milhões de habitantes do Estado judeu.

O pai da cantora chegou a Israel em 1980, em uma das levas de imigração autorizadas, chamadas de "aliyah" (ascensão, em hebraico) e se estabeleceu em Sderot, no sul do país, onde nasceu Hagit.

Em entrevista à Folha durante passagem por São Paulo, ela diz que sua vitória foi uma forma de abrir portas para que outros judeus etíopes pudessem se sobressair.

"Conversando com jovens de origem etíope, cheguei à impressão de que minha vitória também foi um impulso para que eles possam superar seus limites."

Após Hagit, Israel ganhou outras duas estrelas de origem etíope. Em 2012, a modelo Tahounia Rubel, 26, venceu a versão local do "Big Brother" e, no ano passado, Yityish Aynaw, 22, tornou-se Miss Israel.

A ascensão das três aconteceu em meio ao aumento da insatisfação dos etíopes e principalmente de seus descendentes com a desigualdade em relação ao resto da população israelense.

Segundo o Escritório de Estatísticas de Israel, 5% dos judeus etíopes têm educação superior e 41% estão abaixo da linha da pobreza, contra 28% e 15% da população geral, respectivamente.

As diferenças não são só econômicas, mas também de direitos. Em 2013, Israel admitiu que obrigava mulheres a tomarem injeções do anticoncepcional Depo-Provera em campos de adaptação para imigrantes na Etiópia.

Outro motivo de indignação é a dificuldade para encontrar moradias devido ao alto preço dos apartamentos, o que aumenta a lotação nos campos, além da oposição de grupos judaicos radicais.

Hagit, porém, diz que não tem envolvimento com política e que nunca se sentiu vítima de preconceito.

"Meu pai decidiu que eu precisava ser da comunidade geral de Israel. Nunca me senti diferente dos outros".

Assim como muitos outros israelenses, ela entrou aos 18 anos no Exército, onde atuou na unidade de cantoras. Após vencer o American Idol, começou a fazer shows em Israel e para as comunidades judaicas dos Estados Unidos e do Reino Unido.

No Brasil, fez shows em São Paulo, Rio e Porto Alegre, em maio.

Em seu repertório, mescla músicas em árabe, hebraico e aramaico e canta "Killing Me Softly", única canção em inglês. Como demais cantoras que saíram de reality shows, tem um repertório mais romântico.

No show em São Paulo, no clube Hebraica, ela foi aplaudida pela plateia --todos membros da comunidade judaica e brancos.


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