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Vice da Argentina depõe sobre acusações de tráfico de influência

Amado Boudou é suspeito de ter beneficiado gráfica quando era ministro da Fazenda, em 2010

É a primeira vez que um vice responde a ação criminal; caso aumenta o desgaste sofrido pelo governo de Cristina

FELIPE GUTIERREZ DE BUENOS AIRES

O vice-presidente argentino, Amado Boudou, passou a segunda (9) tentando convencer o juiz Ariel Lijo de que não praticou tráfico de influência a favor da empresa gráfica Ciccone.

Da cota pessoal da presidente Cristina Kirchner, Boudou é o primeiro vice que responde a processo criminal no poder, desde a volta da democracia, em 1983.

O caso traz mais desgaste a Cristina, num momento de crise econômica e baixa popularidade.

Pouco antes da sessão, o vice disse que iria responder às perguntas do juiz --especulava-se que fosse ficar calado-- e que estava tranquilo. "Vale a pena enfrentar essa luta", afirmou.

Ao chegar à região do tribunal, foi recebido por cerca de cem militantes que o apoiavam. Já dentro do edifício, ouviu gritos de "ladrão".

Boudou entrou no prédio da Justiça às 11h e saiu às 20h25. Na saída, disse que "tudo que aconteceu foi relacionado a questões técnicas" e que escreveria uma declaração no Facebook.

Em seu perfil, postou um link que continha todo seu depoimento ao juiz, no qual alegou não haver provas que o ligassem ao fundo de investimento The Old Fund nem à interrupção de licitação pelo Estado para favorecer a empresa Ciccone.

ACUSAÇÃO

A suspeita é que o vice, quando era ministro da Fazenda em 2010, tenha ajudado a Ciccone a não falir e, depois, a fechar contrato para imprimir notas de dinheiro para o governo.

Enquanto isso acontecia, em outra frente, a Ciccone era adquirida pelo fundo de investimentos The Old Fund.

Em 2012, uma briga conjugal disparou o escândalo: a ex-mulher do diretor-executivo do Old Fund afirmou que o ex-marido, Alejandro Vandenbroele, era um testa de ferro do vice.

Ele negou ter relação com o Executivo.

No entanto, Vandenbroele teria recebido contas em um apartamento que estava no nome de Boudou, segundo a imprensa argentina. E a namorada, amigos e parentes do vice teriam viajado às custas do Old Fund.

O antigo dono da gráfica, Nicolas Ciccone, também diz que Boudou o pressionou a vendê-la ao fundo. Ele nega.

Inicialmente, o depoimento estava marcado para 15 de julho --data em que Boudou deverá estar no exercício da Presidência, pois Cristina está com viagem marcada para a cúpula dos Brics, no Brasil, a convite da Rússia.

O próprio vice pediu para antecipar seu depoimento.

O político queria que sua fala fosse transmitida ao vivo ou gravada em vídeo --o juiz negou, pois isso poderia interferir nas audiências dos outros imputados.

O caso está em fase de instrução. Nos próximos dias, outros envolvidos serão ouvidos. O juiz poderá processar formalmente os acusados ou inocentá-los ou pedir mais investigações.

Ele tem dez dias para decidir o que fazer, mas, diz a professora da Universidade de Buenos Aires Lucila Larrandart, "esse prazo não costuma ser respeitado".

Ela estima que, caso as decisões sejam todas desfavoráveis ao político, ele poderá ser condenado dentro de um prazo de dois anos.


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