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Caos marca local onde avião caiu na Ucrânia

Rebeldes pró-Rússia empilham cerca de 200 corpos em vagões de trem

Região é controlada por separatistas, que já demonstraram não querer colaborar com autoridades ucranianas

LEANDRO COLON ENVIADO ESPECIAL A TOREZ (UCRÂNIA)

"Alguns itens, presumivelmente as caixas-pretas, estão sob nosso controleAlexander Borodailíder dos rebeldesNão somos capazes de contabilizar os corpos numa situação dessaALEXANDER HUGchefe da missão da OSCE

Quase 200 corpos amontoados em vagões de um trem com destino desconhecido; descontrole de proteção da área onde o avião da Malaysia Airlines caiu e falta de perspectiva sobre uma investigação independente da tragédia na Ucrânia.

Três dias depois da queda do Boeing, a situação é caótica no local onde estão os destroços, na região de Torez, cidade próxima a Donetsk, leste ucraniano.

O tempo passa e, por enquanto, não há qualquer sinal de que o grupo separatista pró-Rússia, que controla a região, pretenda colaborar com as autoridades ucranianas, muito menos com os observadores internacionais.

Os governos dos Estados Unidos e da Ucrânia os acusam de terem derrubado o avião com um míssil disparado do solo. Eles negam.

A Folha retornou neste domingo (20) ao local da tragédia --depois de passar novamente por cinco barreiras montadas pelos separatistas, que verificam o passaporte, além de repetir perguntas ao motorista ucraniano, um rito para decidir quem pode ou não chegar ao local.

A reportagem localizou em matas afastadas, distante de fiscalização, resquícios do avião, mais corpos expostos a chuva e forte calor, além de material ligado aos passageiros. No ponto mais visitado, peças da fuselagem e bagagens dos passageiros continuam sem isolamento.

Os rebeldes informaram que pelo menos 196 corpos recolhidos por eles (eram 298 passageiros no total) foram armazenados em cinco vagões na estação de Torez.

A reportagem visitou o local, que fica a 15 quilômetros do vilarejo de Grabove, ponto principal dos destroços. Membros da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) foram autorizados a visitar três deles. Mas saíram desanimados.

"Não somos capazes de contabilizar os corpos numa situação dessa", admitiu Alexander Hug, um dos chefes da missão da OSCE após visitar o local dos destroços. Na prática, o órgão age como monitor e não como especialista em acidente aéreo.

O líder dos rebeldes, Alexander Borodai, afirmou que os corpos foram removidos em "respeito às famílias" para evitar que fossem alvo de animais. Disse ainda que eles permanecerão nos vagões até a chegada de especialistas internacionais em aviação.

O grupo tem negado qualquer ligação com as causas da queda do Boeing, que fazia o voo MH17, de Amsterdã (Holanda) para Kuala Lumpur (Malásia). Afirma que o governo ucraniano é o responsável pelo que ocorreu na quinta-feira passada.

CAIXA-PRETA

O líder dos separatistas admitiu que o grupo tem sob controle material ligado à caixa-preta do avião. "Alguns itens, presumivelmente as caixas-pretas, foram encontrados, e estão sob nosso controle", disse. O Serviço de Segurança da Ucrânia divulgou na internet uma gravação que tenta envolver a Rússia numa conspiração para esconder a caixa-preta, mas a autenticidade não é precisa.

A crise entre Ucrânia e Rússia começou em novembro, quando o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, aliado do presidente russo Vladimir Putin, se recusou a assinar um acordo comercial com a União Europeia.

Já nesta segunda (no horário local), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, prometeu que vai fazer "todo o possível" para acabar com o conflito na Ucrânia, pelo qual ele responsabiliza Kiev.


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