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Neto de ativista terá de depor na Argentina

Tomado dos pais na ditadura, Guido Carlotto será testemunha no processo

Casal que o adotou pode ser preso, dependendo de seu papel ao receber dos militares o bebê, cujos pais foram mortos

FELIPE GUTIERREZ DE BUENOS AIRES

Após a notícia do descobrimento do neto da principal ativista da Associação das Avós da Praça de Maio, o caso agora será encaminhado à Justiça argentina. A juíza Maria Servini de Cubría convocou o neto a prestar depoimento como testemunha.

O músico Guido Carlotto, 36, procurou voluntariamente a entidade porque suspeitava não ser Ignacio Hurban, sua identidade até o começo desta semana.

Ele fez um exame de DNA e descobriu que o material genético é semelhante ao de Estela de Carlotto, 83, a presidente das Avós de Maio.

Na terça-feira (5) foi feito o anúncio, e na quarta (6) houve o primeiro encontro entre Guido e a sua família verdadeira --de forma reservada, em La Plata.

O advogado das avós, Alan Iud, havia pedido que Guido não fosse citado tão cedo para "não entorpecer o processo de formação de vínculo com sua família".

A tia de Guido, Claudia Carlotto, criticou a juíza Cubría por ter revelado o nome de registro do recém-descoberto sobrinho. "Total falta de respeito", afirmou.

Estela afirmou que seu neto cresceu com "gente do campo" e que, se foi bem criado, "quer agradecê-los".

No entanto, o casal que o adotou pode até ser condenado à prisão, dependendo da participação deles na época em que Guido foi tomado dos pais biológicos, que foram assassinados pela ditadura argentina (1976-1983).

O diretor de direito público da Universidade de Buenos Aires, Edgardo Costa, explica que, mesmo que Guido tenha sido subtraído de seus pais militantes há 36 anos, "os delitos não prescrevem, porque são contínuos".

Ele afirma que, dependendo da circunstância, o casal que criou Guido pode ser condenado por supressão do estado civil (esconder a identidade verdadeira do filho).

A presidente Cristina Kirchner manifestou-se sobre o caso nesta quinta. "A mensagem mais importante é que vale a pena lutar: 36 anos de luta. Muitos não acreditariam que [o neto] podia aparecer."

Desde a descoberta do neto de Estela de Carlotto, houve um boom de pessoas procurando informações sobre suas identidades.

Em dias pouco movimentados, cerca de 15 pessoas buscam a associação por dia. Na quarta, foram 300 consultas, e na quinta (7), 500.


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