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Polícia britânica é acusada de omissão em abusos sexuais

Após investigação que lista 1.400 menores como vítimas, ministra cobra renúncia de chefe local; maioria de suspeitos é paquistanesa

LEANDRO COLON DE LONDRES

A investigação que aponta 1.400 menores vítimas de abuso sexual na cidade de Rotherham, entre 1997 e 2013, pressiona o Reino Unido a responsabilizar as autoridades que se omitiram em apurar denúncias no período.

O relatório, que chocou o país na terça-feira (26), gerou ainda uma reação da comunidade islâmica porque diz que a polícia evitou investigar os suspeitos, a maioria paquistaneses muçulmanos, para não ser acusada de racista e preconceituosa.

"Raça, religião ou posição política nunca devem servir como manto de invisibilidade para crimes grotescos", disse Muhbeen Hussain, fundador de uma entidade islâmica da cidade, localizada a 260 km ao norte de Londres.

A ministra do Interior, Theresa May, do Partido Conservador, cobrou a renúncia do diretor da polícia do condado, Shaun Wright, membro do Partido Trabalhista e ex-chefe dos serviços de proteção à infância de Rotherham.

"Ele (Wright) tem questões a responder", disse.

Wright afirmou que não tinha "ideia" dos crimes. "Peço desculpas aos familiares das vítimas e assumo toda a responsabilidade pelos erros coletivos [dos serviços de proteção à infância]", disse.

Ele deixou seu partido após ser ameaçado de suspensão, mas não renunciou a seu cargo. O atual chefe de cuidado das crianças, Joyce Thacker, também deverá sair.

O relatório foi produzido por uma equipe independente, liderada pela professora Alexis Jay, especialista em serviço social, a pedido das autoridades locais.

Sua conclusão afirma que meninas, algumas de 11 anos, foram alvos de ataques sexuais, ameaças, tráfico para outras cidades, tudo sem reação dos órgãos públicos responsáveis por protegê-las. Os crimes teriam ocorrido em carros, ônibus e parques.

De acordo com o estudo, a maioria dos suspeitos pelo abuso era da comunidade asiática, principalmente paquistaneses muçulmanos (alguns taxistas), e as vítimas, mulheres brancas.

Pelo menos 30% das vítimas já eram conhecidas pelo serviço social da cidade e vinham de famílias pobres e com relatos anteriores de violência doméstica.

Segundo o relatório, em alguns casos, as crianças eram atraídas por presentes, bebidas alcoólicas e drogas entregues pelos abusadores.

Em alguns casos, elas eram iludidas pelos criminosos de que tinham um relacionamento com um adulto e levadas para cidades vizinhas a Rotherham, onde eram obrigadas a se prostituir.

As crianças que se recusavam a seguir as regras eram mergulhadas em gasolina, ameaçadas com armas, obrigadas a ver estupros e avisadas que poderiam ser as próximas vítimas de agressão.

Somente em 2013, 157 casos foram relatados, uma média de um a cada três dias. Apenas nove acusações formais foram feitas contra suspeitos até agora.

A investigação começou em 2010, após a condenação de cinco homens acusados de abuso sexual.


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