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31 anos depois, inocentes

Teste de DNA absolve dois meios-irmãos condenados pelo estupro e morte de garota de 11 anos nos Estados Unidos

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Um recente teste de DNA inocentou dois americanos que passaram os últimos 31 anos na prisão, condenados por um crime que não cometeram, reconheceu a Justiça dos EUA nesta terça (2).

Os meios-irmãos Henry McCollum, 50, e Leon Brown, 46, foram sentenciados à pena de morte e à prisão perpétua, respectivamente, acusados pelo estupro e assassinato em 1983 de Sabrina Buie, 11, em Red Springs, comunidade rural da Carolina do Norte com 4.000 habitantes.

Ambos deixaram a prisão nesta quarta (3).

Na época do crime, os advogados de defesa criticaram a condenação, segundo eles baseada em confissões por coerção dos dois acusados, que têm dificuldades cognitivas.

McCollum tinha 19 anos e Brown, 15 quando foram presos. Em testes, registraram QI abaixo de 51, que indica "raciocínio lento".

Nenhuma evidência física os ligava ao crime. As confissões foram obtidas após cinco horas de interrogatório policial, durante o qual foi negado a McCollum o direito de um advogado.

McCollum afirma que, sob intensa pressão, contou a história de como ele e outros três jovens atacaram e mataram Sabrina, também negra, "para que os policiais me deixassem voltar para casa".

INOCÊNCIA

Análise realizada este ano por uma agência do governo da Carolina da Norte com evidências coletadas na cena do crime revelou, em uma ponta de cigarro encontrada ao lado do corpo de Sabrina, a presença do DNA de outro homem, Roscoe Artis, que morava a uma quadra do local do crime.

Poucas semanas após o assassinato de Sabrina, em setembro de 1983, Artis se entregou à polícia, confessando ter violentado e matado uma garota de 18 anos, na mesma Red Springs. Ele foi sentenciado à pena de morte, depois revertida para a prisão perpétua, que cumpre até os dias de hoje.

A Justiça dos EUA nunca explicou por que manteve o foco nos dois irmãos, mesmo com o histórico de crimes sexuais cometidos por Artis e as semelhanças entre seu relato e as circunstâncias da morte de Sabrina.

Inicialmente, McCollum e Brown foram condenados à morte, sentença depois revertida. Em um segundo julgamento, McCollum foi novamente enviado ao corredor da morte, enquanto Brown foi condenado à prisão perpétua.

Ao reverter a sentença, o juiz Douglas Sasser disse que os novos resultados de DNA contradizem o caso que os promotores apresentaram nos anos 1980. Sasser afirmou que ordenou a libertação de McCollum e Brown "baseado em significativa nova evidência de que eles são, de fato, inocentes".

"É terrível que nosso sistema judiciário permita que duas crianças com deficiência intelectual vão para a prisão por um crime com o qual elas não tinham nenhuma relação, para lá sofrerem por 30 anos", afirmou Ken Rose, advogado de McCollum.

LIBERDADE

Henry McCollum deixou a penitenciária de Raleigh, capital da Carolina do Norte, nesta quarta (3), e falou com a imprensa pouco antes de entrar no carro de seu pai.

"Eu apenas agradeço a Deus por ter me tirado desse lugar. Agora eu quero comer, dormir, acordar amanhã e ver que isso é real", disse.

Um repórter ajudou-o a prender o cinto de segurança, que McCollum nunca havia usado antes.

Ele nunca havia usado um celular ou acessado a internet até a semana passada, quando, ainda na prisão, usou o aplicativo Google Maps para ver fotos de sua casa.

Segundo os advogados da família, os McCollum não planejam, por enquanto, pedir indenização ao Estado.


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